Arquivo diários:02/07/2020

Dentre mais de mil famílias enlutadas no RN que sofrem suas perdas, está a família e amigos de Wanderley Mariz

O sofrimento é geral no RN, muitas famílias enlutadas, cada uma com seus amigos e familiares, mas sem desmerecer todos que esta doença maldita vitimou, o Blog do Primo derrama suas lágrimas pela partida do amigo Wanderley Mariz .
Uma simplicidade em pessoa, um príncipe na simpatia, um lorde da humildade.
Como deputado federal, filho do velho do coração do povo, senador Dinarte Mariz, Wanderley só fez amigos.

Chegará no céu sorrindo abraçando todos os seus amigos que foram antes, entre muitos está o meu pai..

Mais de mil pessoas morreram de COVID-19 no RN e o povo nas ruas desconsiderando isolamento social


A Secretaria de Estado e Saúde Pública-Sesap atualizou os números do coronavírus no Rio Grande do Norte nesta quinta-feira(02). Os casos confirmados chegam a 32.578.

O total de vítimas da covid-19 no RN chega a 1095. Em comparação com o último boletim, 28 novos óbitos confirmados, após exames laboratoriais dos últimos dias, sendo nove nas últimas 24 horas.

Em investigação são 173 mortes.

Globo x Flamengo: quem teve mais audiência na quarta-feira

Jorge Nicola
A primeira partida do Flamengo com transmissão exclusiva da FlaTV fez muito barulho. Somando YouTube, Facebook e Twitter, o jogo contra o Boavista alcançou aproximadamente 2,3 milhões de espectadores simultâneos, que garantiram ao Rubro-Negro o status de maior transmissão esportiva online do país. Mas e em relação à audiência da Globo, que exibiu o Botafogo?

Primeiro, é importante responder que a vitória por 2 a 0 do Fla se tornou a nona maior live do YouTube no mundo. Com os 2,075 milhões de espectadores simultâneos da metade do segundo tempo, a FlaTV só ficou atrás de lives musicais, na seguinte ordem: Marília Mendonça; Jorge & Mateus; Andrea Bocelli; Gusttavo Lima; Sandy & Junior; Leonardo & Eduardo Costa; BTS; e Marília Mendonça.

A FlaTV ainda ganhou aproximadamente 500 mil novos inscritos em um único dia, superando os 4 milhões no YouTube. A transmissão da partida, que começou às 19h30, ou seja, duas horas antes de a bola começar a rolar, contou com 14 milhões de visualizações e só terminou na madrugada de quinta, depois de entrevistas com Jorge Jesus e Rodolfo Landim.

Duelo com a Globo: A quarta-feira foi de disputa pesada entre Flamengo e Globo. Ao longo do dia, a emissora tentou na Justiça impedir que o Rubro-Negro apresentasse a partida na FlaTV. Não conseguiu. De noite, a disputa se deu por audiência. A Globo com Portuguesa x Botafogo e a FlaTV com Flamengo x Boavista.

A Globo liderou com folga a audiência no Rio, batendo os 20 pontos durante o primeiro tempo. O SBT registrou nove pontos, enquanto a Record teve sete. Na etapa final, o empate do Botafogo com a Portuguesa oscilou entre 15 e 16 pontos.

Já a audiência no YouTube não é medida por pontos. E há uma diferença importante entre a transmissão da Globo e da FlaTV: a primeira ocorreu no Rio e em alguns estados do Nordeste, enquanto a segunda se deu em território nacional. Essa distinção faz, inclusive, com que o cálculo para cada ponto do Ibope seja completamente diferente.

Mas, em números gerais, os 20 pontos da Globo no Rio representam cerca de 2,4 milhões de espectadores simultâneos, contra 2,3 milhões da FlaTV. Utilizando o novo método do Ibope para calcular cada ponto de audiência e tomando como base as 15 maiores praças (por causa da transmissão nacional), a audiência do Flamengo equivale a aproximadamente 8,8 pontos de audiência.

AS MAIORES LIVES DO YOUTUBE NO MUNDO:
1º Marília Mendonça: 3,31 milhões de espectadores simultâneos (8 de abril)
2º Jorge & Mateus: 3,24 mi (4 de abril)
3º Andrea Bocelli: 2,86 mi (12 de abril)
4º Gusttavo Lima: 2,77 mi (11 de abril)
5º Sandy & Junior: 2,55 mi (21 de abril)
6º Leonardo & Eduardo Costa: 2,52 mi (1º de maio)
7º BTS: 2,31 mi (18 de abril)
8º Marília Mendonça: 2,21 mi (9 de maio)
9º FlaTV: Flamengo x Boavista: 2,075 mi (1º de julho)
10º Henrique & Juliano: 2,06 mi (19 de abril)

AS MAIORES TRANSMISSÕES ESPORTIVAS ONLINE DO BRASIL:
1º Flamengo x Boavista: 2,3 milhões (1º de julho)
2º Grêmio x Inter: 2,1 mi (12 de março)
3º PSG x Dortmund: 1,2 mi (11 de março)
4º Flamengo x San José: 1,054 mi (11 de abril de 2019)

Deputado João Maia é internado com suspeita de Covid-19

COMUNICADO OFICIAL

O deputado federal João Maia encontra-se hospitalizado em Natal (RN), com suspeita de ter contraído a Covid-19. No momento, o parlamentar apresenta quadro estável e aguardando o resultado do exame que só deve sair na noite desta quinta-feira (02). João Maia está realizando exames e seguindo todas as orientações médicas. Desde já, agradecemos a preocupação e o carinho de todos os potiguares.

Assessoria de Comunicação do deputado federal João Maia.

“Qual o problema? Vão matar?”, questiona mulher de Queiroz em mensagem interceptada pelo MP

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) interceptou uma mensagem na qual, a ex-assessora parlamentar Márcia Oliveira de Aguiar, esposa de Fabrício Queiroz, se queixou das táticas adotadas pelo advogado Frederick Wassef. As informações são do Estado de São Paulo.
Em novembro do ano passado, Márcia Aguiar, que teve prisão decretada mas segue foragida, diz à advogada Ana Flávia Rigamonti, que trabalha com Wassef: “Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar?”. A esposa de Queiroz também diz que não queria mais viver como “marionete do Anjo”.
O conteúdo da mensagem reforça a tese que Wassef protegia Queiroz e sua família. De acordo com as investigações, “Anjo” seria o codinome dado a Wassef, que atuou na defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no processo que apura o esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O advogado nega ser o “Anjo”.

Márcia está foragida desde o último dia 18, quando a Justiça fluminense determinou sua prisão e a de Queiroz. O aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi detido em Atibaia (SP) numa casa que pertence a Wassef. Queiroz está preso em Bangu, no Rio de Janeiro.

Depois da prisão de Queiroz, Frederick Wassef deixou a defesa de Flávio Bolsonaro. O senador alega que o encerramento do vínculo partiu do advogado.

O MP teve acesso a mensagens nas quais Márcia admite a vontade de fugir caso tivesse a prisão decretada.

“A gente não pode mais viver sendo marionete do Anjo. ‘Ah, você tem que ficar aqui, tem que trazer a família’. Esquece, cara. Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar? Ninguém vai matar ninguém. Se fosse pra matar, já tinham pego um filho meu aqui”, diz Márcia, em mensagem enviada a Flávia no fim do ano passado, de acordo com o Estadão.

De acordo com os diálogos interceptados, Wassef planejaria alugar uma casa em São Paulo para abrigar toda a família de Queiroz. A própria advogada que trabalhava com Wassef aparece discordando da estratégia do advogado, conforme mostra o Estadão.

“O Anjo tem ideias boas, sim, mas na prática a gente sabe que não é igual às mil maravilhas que ele fala”, diz Ana Flávia à Márcia. Segundo o jornal, a advogada diz que havia conversado até com a esposa de Wassef na tentativa de frustrar a ideia de alugar uma casa para abrigar a família Queiroz em São Paulo.

Ana Flávia não é investigada no caso e disse que não irá comentar. Ela também ressaltou ao Estadão que não tem nada a ver com o processo e que apenas trabalhava no escritório de Wassef.

Wassef, que já apresentou versões distintas sobre o caso, afirmou ao Estadão que não articulou qualquer ocultação do paradeiro de Queiroz, além de negar que dava ordens à família do ex-assessor.

Em outro trecho de sua resposta ao veículo, Wassef se diz vítima de “uma campanha de fake news e ilações irresponsáveis” e alega nunca ter tido o apelido de “Anjo”.

Quem são os agentes do FBI que atuaram na Lava Jato

Natalia Viana, ,

São de dois tipos os agentes do FBI que atuaram na Lava Jato em solo brasileiro. Alguns são figuras públicas, dão entrevistas e aparecem cada vez mais frequentemente em eventos elogiando o trabalho da força-tarefa e dando conselhos a corporações sobre como seguir a lei americana.

Outros tiveram atuação temporária e são conhecidos por apelidos ou nomes tão comuns que é muito difícil encontrar algo sobre eles em fontes abertas na internet. Essa é uma prática comum nos escritórios do FBI no exterior, para evitar a exposição de agentes que realizam operações secretas ou controversas em território estrangeiro. Hoje, a agência mantém escritórios em embaixadas de 63 países e sub-escritórios em 27. Em 2011, o FBI empregava 289 agentes e pessoal de apoio nesses escritórios no exterior.

Embora as duas maiores investigações de casos de corrupção originados na Lava Jato pelo Departamento de Justiça (DOJ) americano já tenham terminado, com os acordos bilionários da Odebrecht e Petrobras, o FBI ainda tem muito a fazer para investigar corrupção no Brasil, nas palavras do atual chefe do FBI no país, David Brassanini, em palestra no 7º Congresso Internacional de Compliance, em maio de 2019, em São Paulo. A cooperação foi descrita como “fluida, sem problemas e transparente”, pois seus agentes já tinham familiaridade com a cultura e a sociedade brasileiras. “A habilidade de desenvolver e entender as peculiaridades locais é grande. Não só a questão da língua, mas em entender realmente como o Brasil funciona, entender as nuances”, afirmou. Brassanini relatou também, no mesmo evento, que agentes do FBI vêm a São Paulo “toda semana para tratar de diferentes casos que envolvem FCPA e lavagem de dinheiro”.

Com base em documentos da Vaza Jato entregues ao The Intercept Brasil e apuração em fontes abertas, a Agência Pública localizou 12 nomes de agentes do FBI que investigaram os casos da Lava Jato lado a lado com a PF e a Força-Tarefa, além da agente Leslie Backschies, que hoje comanda o esquadrão de corrupção internacional do FBI. E descobriu que essas investigações viraram símbolo de parceria bem sucedida e levaram à promoção diversos agentes americanos. Segundo um ex-promotor do Departamento de Justiça americano contou à Pública, a presença de agentes do FBI no Brasil foi fundamental para o governo americano concluir suas investigações sobre corrupção de empresas brasileiras.

Com base na lei americana Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), o Departamento de Justiça investigou e puniu com multas bilionárias empresas brasileiras alvos da Lava Jato, entre elas a Petrobras e a Odebrecht.

Embora haja policiais lotados legalmente na embaixada em Brasília e no consulado em São Paulo, é proibido a qualquer polícia estrangeira realizar investigações em solo brasileiro sem autorização expressa do governo brasileiro, já que polícias estrangeiras não têm jurisdição no território de outros países.

A colaboração do FBI com a Lava Jato teve início em 2014 e foi fortalecida em 2015 e 2016, quando o foco da operação eram Odebrecht e Petrobras. Em 2016, a Odebrecht aceitou pagar a maior multa global de corrupção até então: US$ 2,6 bilhões a Brasil, Suíça e EUA. A parcela devida às autoridades americanas, no valor total de US$ 93 milhões, foi paga à vista. Hoje, a empresa está em processo de recuperação judicial.

Em 2018, a Petrobras aceitou pagar a maior multa cobrada de uma empresa pelo Departamento de Justiça americano: US$ 1,78 bilhão.

“O que ocorre no Brasil está mudando o modo como olhamos os negócios e a corrupção no mundo inteiro”, afirmou um dos maiores defensores da cooperação com os Estados Unidos, George “Ren” McEachern, em entrevista à Folha de S. Paulo em fevereiro de 2018, sob o título “Curitiba mandou a mensagem de que o Brasil está ficando limpo”.

George “Ren” McEachern, ex-agente do FBI, supervisionou as investigações da Lava Jato em nome do Departamento de Justiça americano

“Ren” McEachern chefiou a Unidade de Corrupção Internacional do FBI até dezembro de 2017 e supervisionou o grosso das investigações da Lava Jato em nome do Departamento de Justiça americano. Segundo os documentos vazados ao The Intercept Brasil e analisados em parceria com a Agência Pública, ele esteve na primeira delegação de investigadores americanos que esteve em Curitiba em outubro de 2015, sem autorização do Ministério da Justiça, conforme revelamos nesta reportagem.

Ren nunca escondeu sua participação nos casos ligados à Lava Jato. “Você precisa compartilhar informações [com outros países]. Porque agora todos os negócios são globais. Uma empresa que paga propina no Brasil paga também em outros países”, disse à Folha em fevereiro de 2018. Pouco antes, Ren deixara o FBI para passar ao setor privado. Na empresa de consultoria Exiger, ele viaja o mundo para ensinar métodos de “compliance” a leis anticorrupção para empresas evitarem investigações como as que ele liderava no FBI.

Em 2015, “Ren” foi o grande responsável pela ampliação do foco do FBI em corrupção internacional, com a abertura de três esquadrões dedicados a isso, em Nova York, Washington e Los Angeles. No seu perfil no site da Exiger, é descrito como aquele que “desenvolveu e implementou uma nova estratégia global proativa no FBI para investigar crimes financeiros complexos e temas de corrupção. Essa nova estratégia foi coordenada proximamente com o DOJ e a SEC [a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA]. Além disso, representou um aumento de quase 300% em novos recursos anticorrupção para o FBI”. O plano misturava investigações proativas por parte de polícias dedicadas a decifrar a corrupção internacional com tecnologia e análises de ponta sobre temas financeiros.

“Por volta de 2014, 2015, o FBI estava buscando maneiras de ser mais proativo nas investigações sobre corrupção internacional”, disse ele em uma conferência em Nova York sobre “o mundo após a Lava Jato”, em novembro de 2019. “Então começamos a olhar para países que poderiam convidar agentes do FBI até o país para analisar investigações de corrupção que tivessem um nexo com os Estados Unidos, em jurisdições como FCPA e lavagem de dinheiro”.

Foi assim que o FBI se engajou na Lava Jato.

“O timing foi simplesmente perfeito”, disse ele. “Nós estávamos ajudando em casos que tinham uma conexão com os EUA, mas eles [os procuradores da Lava Jato] eram realmente muito avançados e estavam usando técnicas muito sofisticadas e inteligentes”.

Uma das maiores lições que Ren diz ter adotado após a parceria com a Lava Jato foi a criação de equipes com agentes especializados que trabalham “proativamente” em casos de corrupção internacional. O caso da Petrobras, segundo ele, marcou um nível sem precedentes de “compartilhamento de inteligência, compartilhamento de evidência certificada”. “Aquilo foi uma grande mudança”, diz.

Fora do FBI, a agenda de “Ren” está cheia de eventos sobre “compliance” contra corrupção – muitos deles financiados por empresas que vendem ou compram tais serviços. Desde 2015, ele esteve em simpósios em Hong Kong, Polônia, China, Noruega, Holanda, Espanha, Inglaterra e Brasil. Entre os patrocinadores destes eventos estão a consultoria PriceWaterhouse Coopers, a associação de importadores e exportadores de armas Fair Trade Group, o conglomerado de mídia Warner Brothers, as médico-farmacêuticas Pfizer e Johnson&Johnson e a fabricante de armas militares Raytheon.

No Brasil, o ex-agente especial foi palestrante no 4o Annual International Compliance Congress and Regulator Summit, financiado pela agência de notícias Thomson Reuters em São Paulo em maio de 2016. Aproveitou a vinda ao país para dar uma palestra a 90 membros do Ministério Público Federal de São Paulo. Na ocasião, enalteceu a cooperação internacional e explicou que, no Brasil, o FBI “oferece suporte técnico a investigações, em relação a criptografia, telefonia móvel e dados em nuvem, com um analista cibernético sediado em Brasília”.

O escritório do FBI fica na embaixada americana, na capital brasileira.

Procurado pela Pública, Ren afirmou que decidiu não falar mais publicamente sobre sua carreira no FBI e seu trabalho no Brasil.

Convite de palestra com agentes do FBI sobre o mundo depois da Operação Lava Jato

Agentes quase anônimos

Quando veio na primeira delegação para negociar com os delatores das Lava Jato, em outubro de 2015, Ren estava acompanhado pela tradutora Tania Cannon e por outros agentes do FBI. Um deles, Jeff Pfeiffer, veio de Washington, onde é lotado desde 2002 e trabalha em casos de corrupção, segundo seu perfil no LinkedIn.

Formado em contabilidade e administração, o agente foi designado dois anos depois, em 2017, como assistente do procurador Robert Mueller na investigação sobre interferência russa nas eleições americanas. Pfeiffer investigou o chefe da campanha de Donald Trump, Paul Manafort, acusado de esconder contas bancárias no exterior, fraude bancária e conspiração para lavar mais de 30 milhões de dólares, além de tentar obstruir a Justiça, segundo o policial afirmou perante um tribunal em 2019.

Outro agente que esteve na comitiva de 2015 foi apresentado oficialmente à Lava Jato como Carlos Fernandes, um nome tão comum que é impossível encontrar referências a ele.

O FBI ainda enviou para Curitiba dois membros do escritório em Brasília, o adido legal Steve Moore e o adido-adjunto David F. Williams.

Williams aparece algumas vezes em comunicação direta com procuradores da Lava Lato nos diálogos vazados ao The Intercept Brasil. Foi ele quem atendeu ao pedido feito, em setembro de 2016, pelos procuradores Paulo Roberto Galvão de Carvalho e Carlos Bruno Ferreira da Silva, para verificar se o FBI conseguiria quebrar o sistema MyWebDay através do qual os funcionários da Odebrecht administravam as propinas pagas em diversos países, conforme revelamos na reportagem “o FBI e a Lava Jato”.

Olimpíadas de 2016 e Copa do Mundo em 2014

Já Steve Moore foi o chefe do escritório do FBI no Brasil entre agosto de 2014 e agosto de 2017, comandando a equipe de agentes lotados em São Paulo e Brasília. De acordo com sua página do LinkedIn, aposentou-se em 2018, após 22 anos trabalhando no FBI, onde obteve “extensa experiência internacional em fraudes internacionais complexas, corrupção, FCPA, antitruste, AML, investigações internas sensíveis, e investigações cibernéticas”. No seu perfil profissional ele declara ter “experiência significativa” em planejamento de segurança para megaeventos.

Essa experiência foi adquirida no Brasil. Steve chegou ao país no final da Copa do Mundo e coordenou o FBI durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, desenvolvendo uma relação próxima com alguns agentes da polícia federal. Certa feita, questionado pelo jornal USA Today sobre como o FBI treinava uma polícia que “há muito tempo é maculada com corrupção e laços com organizações criminosas em todo o país”, ele respondeu que trabalhava com brasileiros “cuidadosamente selecionados e treinados pelos EUA há muitos anos”, reduzindo o risco de informações sensíveis caírem em mãos erradas. “A chave para isso é que nós trabalhamos proximamente com a Polícia Federal brasileira e compartilhamos informações com as suas unidades especializadas”, afirmou ao jornal.

Tudo indica que foi Moore quem escreveu o memorando que iniciou a Operação Hashtag, deflagrada pela PF apenas 15 dias antes da Olimpíada. A Operação Hashtag acabou com a prisão de oito suspeitos de planejar um atentado que jamais chegou a ser planejado, conforme mostrou uma reportagem da Agência Pública. As prisões demonstraram força do governo de Michel Temer (MDB) logo após o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Um dos suspeitos morreu linchado no presídio, acusado de terrorista.

Na época, o FBI deu a dica à PF, mas não detalhou como obteve as informações – se foram investigações realizadas dentro ou fora do território nacional.

O memorando de 6 de maio de 2016 vazado ao Blog do jornalista Fausto Macedo não traz o nome de Steve Moore, mas descreve a autoria: “adido legal do FBI”. O documento traz nomes e detalhes sobre os suspeitos que seriam depois investigados pela PF e gerariam a única condenação até hoje pelo crime de terrorismo no Brasil.

Também presente na comitiva sigilosa do FBI a Curitiba, em Outubro de 2015, “Chris” Martinez voltava ao Brasil depois de um período de ausência, já que ela também atuou na Copa do Mundo. Christina Martinez – seu nome completo – ocupou o cargo temporário de Especialista em Treinamento e Relações Cívicas, em Brasília, no período anterior à Copa do Mundo de 2014.

Christina foi a responsável pelo programa de treinamento do FBI, ministrado com outras agências americanas, a 837 policiais das 12 cidades-sede. Os cursos iam de investigação digital a relacionamento com a mídia e como lidar com protestos, segundo revelou a Agência Pública em 2014. Antes disso, entre outubro de 2010 e março de 2013, ela foi assistente de operações do Adido Legal na embaixada em Brasília, função que ocupava quando visitou, em março de 2012, centros de treinamento da Polícia Militar de São Paulo, ao lado de Leslie Rodrigues Backshies, hoje chefe da Unidade de Corrupção Internacional do FBI.

Christina Martinez também tem uma página no LinkedIn, onde lista sua experiência em realizar treinamentos em nome do FBI há mais de 17 anos – além do Brasil, teve cargos temporários na Cidade do México e em Buenos Aires. Antes de vir ao Brasil pela primeira vez, Chris havia sido técnica do FBI em vigilância eletrônica em local não especificado durante mais de 8 anos.

Christina Martinez (quarta pessoa da esquerda para à direita) e agentes do FBI visitaram o Grupamento de Radiopatrulha Aérea (GRPAe) da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP)

Outro integrante da comitiva que foi à sede da Força-Tarefa da Lava Jato em Curitiba em outubro de 2015 foi Mark Schweers. Mark retornou no ano seguinte, em julho de 2016, em uma nova comitiva do DOJ ao Brasil para conduzir interrogatórios em Curitiba e no Rio de Janeiro. Na sede da Procuradoria da República, no centro do Rio, essa comitiva interrogou os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa durante nove horas cada. Em Curitiba, inquiriram o doleiro Alberto Yousseff ao longo de seis horas.

Mark Schweers não tem página no LinkedIn. A única referência a um agente do FBI com o mesmo nome encontrada pela reportagem refere-se a um agente especializado em investigar gangues em Oklahoma nos anos 90.

Além dele, participaram dos interrogatórios no Rio de Janeiro em julho de 2016 uma agente cujo nome está registrado como Becky Nguyen. Trata-se de nome comum, de origem vietnamita. Há pelo menos três pessoas com o mesmo nome nas redes sociais – nenhuma é a agente do FBI.

Duas intérpretes, Tania Cannon e Elaine Nayob, também participaram das comitivas que vieram ao Brasil em 2015 e 2016. Tânia esteve nas duas. Na sua página do LinkedIn, ela se descreve como tradutora e intérprete do Departamento de Justiça americano.

Patrick Kramer, herói de inteligência na guerra do Golfo, também atuou na Lava Jato

Os documentos entregues ao The Intercept mencionam ainda dois agentes especiais do FBI que atuaram proximamente com investigadores brasileiros a partir do consulado em São Paulo em 2016: June Drake e Patrick T. Kramer.

Patrick T. Kramer, agente do FBI, durante uma palestra no Brasil

Há pouca informação sobre a agente June. Segundo os diálogos vazados, o adido do FBI David Williams buscou mais informações com June para discutir a possibilidade do FBI ajudar a quebrar a criptografia do sistema MyWebDay, que reunia contabilidade de propinas da Odebrecht. “Através de explicações adicionais fornecidos pelo Patrick e June (do FBI em São Paulo) eu acho que entendemos bem a situação e já passei a pergunta para alguns peritos de ciber no FBI. Carlos, se você gostaria de fazer uma reunião em Brasilia comigo (ou nosso Adido Steve Moore, dependendo da data da reunião) nos podemos encontrar rapidinho para conversar mais”, escreveu o adido legal, por email, ao procurador Carlos Bruno Ferreira da Silva, em setembro daquele ano.

Já a trajetória de Patrick T. Kramer revela um super agente que desde muito jovem atuou em missões de inteligência e investigações complexas. A se considerar o seu perfil público no LinkedIn, sua vida daria um filme.

Durante os anos universitários, Patrick se graduou em espanhol e estudou português do Brasil na Universidade de San Diego, na Califórnia. No final da década de 80, começou sua carreira como marinheiro da II Força Expedicionária, tendo atuado na Operação Tempestade no Deserto, na Arábia Saudita, durante a Guerra do Golfo nos anos de 1990 e 1991, como oficial de comunicação. Nos anos seguintes, fez parte da 300ª brigada de Inteligência Militar e do Special Forces Group (Airborne) em Camp Williams, Utah, capitaneando uma equipe de análise linguística em espanhol para apoiar investigações anti-narcóticos.

Em 2002, já no FBI, investigou cartéis de drogas mexicanos próximos à fronteira do Texas. Depois, debruçou-se sobre membros de gangues em Porto Rico. A partir de 2008, passou a investigar crimes financeiros como fraudes e lavagem de dinheiro, e em 2010 assumiu durante dois meses uma posição temporária na capital da Geórgia, ex-integrante da União Soviética. Pouco antes, estudara russo na Universidade de San Diego.

Promovido, Patrick passou a ser supervisor do FBI em Washington, onde coordenou investigações sobre fraudes em seguros de saúde, tornando-se especialista no tema.

Em 2016, o agente foi enviado para uma posição temporária durante 6 meses como adido-adjunto no consulado de São Paulo, “facilitando e coordenando” temas para a Unidade de Corrupção Internacional do FBI chefiados por Ren McEachern. Neste cargo, ele “conduziu extensiva coordenação e relacionamento com a Polícia Federal brasileira, Minstério Público Federal, a Unidade de Corrupção e o Departamento de Justiça americano temas de preocupação mútua no aprofundamento dos interesses do Brasil/EUA”, segundo sua descrição no LinkedIn. Era responsável pelo “gerenciamento, coordenação, implementação e execução de estratégias operacionais e investigativas sob responsabilidade do adido legal de Brasília”.

Sua passagem foi tão bem sucedida que em junho do ano passado ele retornou ao país, mas desta vez como adido legal na embaixada em Brasília, cargo que ocupa até o momento. Patrick passou os primeiros meses fazendo contatos com agentes de segurança. Foi convidado a falar, por exemplo, no dia 29 de agosto de 2018 na inauguração da nova sede da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), no Lago Sul, em Brasília.

No dia 19 de outubro do mesmo ano, participou do II Seminário Nacional dos Agentes de Segurança do Poder Judiciário Federal, em Maceió.

Patrick Kramer no II Seminário Nacional dos Agentes de Segurança do Poder Judiciário Federal

E no dia 28 de outubro visitou, ao lado do assessor Jurídico do Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América, Rodrigo Dias, o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, órgão responsável por assinar os acordos de cooperação jurídica com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O objetivo do encontro foi apresentar uma nova lei americana, recentemente promulgada, Cloud Act, que prevê acordos bilaterais com países para a troca de informações coletadas no ambiente virtual.

Colaboraram: Monica Cordero e Bill Conroy.