Arquivo diários:04/07/2020

Deputado do PSL atira no pé de advogado após confusão em saída de restaurante em Brasília

Arthur Leal

O deputado estadual Alexandre Knoploch (PSL) se envolveu numa confusão em Brasília, quando saía de um restaurante acompanhado do deputado correligionário Rodrigo Amorim. Após receber socos, o parlamentar sacou uma arma e atirou contra o pé do homem, um advogado. Knoploch diz que foi confundido pelo agressor e que apenas se defendeu com sua arma, que é legal e registrada.
— Ele me confundiu, eu tomei um soco, caí no chão e revidei quando vi aquele cara de 2 metros vindo na minha direção. Ou sacava a arma ou deixava ele me espancar. Atirei com precisão no pé dele, não quis atirar em nenhum outro lugar para não acabar com a vida dele ou causar maiores ferimentos. Logo em seguida fui à delegacia e apresentei o ocorrido, fiz exame de corpo de delito, toxicológico e alcoolemia. Estava no local a trabalho, tratando sobre política, e nessas ocasiões eu nunca bebo — contou Knoploch.
O deputado, que ficou com escoriações nos joelhos, nas mãos e no rosto, afirma que, na delegacia, o homem que o agrediu teria pedido desculpas. Sobre relatos de que estaria acontecendo uma festa no local e que os dois parlamentares estariam tentando adentra-la, o deputado  do PSL também desmente.
— É mentira, não tinha qualquer festa. Ou eu sou surdo ou não havia sequer qualquer som naquele lugar. Apenas pessoas sentadas, conversando — disse.

Confira a nota da assessoria do deputado sobre o ocorrido:

“Na última quinta-feira, o deputado estadual Alexandre Knoploch se dirigiu a uma delegacia de Polícia Civil, em Brasília, para registrar que foi vítima de uma agressão covarde, quando saía de um restaurante. Ao deixar o estabelecimento, recebeu socos pelas costas e foi derrubado no chão. Para paralisar seu agressor, desferiu um tiro em seu pé.

De acordo com o relatado pelo agressor após o incidente, o deputado foi confundido com outra pessoa. Vale a pena ressaltar que o próprio deputado foi quem procurou as forças policiais, para registrar o caso.

O deputado pediu, por conta própria, ainda, que além do exame de corpo delito, fossem também feitos os exames toxicológico e de alcoolemia, comprovando que ele não havia ingerido bebida alcoólica. E esclareceu que possui porte de arma”.

Rodrigo Amorim, em nota, através de sua assessoria, também comentou sobre a confusão:

“O deputado Rodrigo Amorim informa que foi testemunha de uma agressão física gratuita ao deputado Alexandre Knoploch e da posterior resposta do parlamentar, em via pública, defronte a um restaurante onde aconteceu um encontro privado de caráter político. O agressor foi neutralizado por um disparo que o atingiu em um dos pés. Amorim aparece como testemunha no registro da ocorrência feito na Polícia Civil do Distrito Federal”.

A reportagem ainda não conseguiu contato com o advogado, baleado no pé, e também aguarda posicionamento oficial da Polícia Civil de Brasília.

Com Bolsonaro na Presidência, Brasil lidera mortes em 24 horas no mundo, diz OMS

Bolsonaro e seu conselheiro Rogério Marinho, réu em processo de servidores fantasmas na Câmara Municipal

O Brasil foi o país que mais registrou mortes por coronavírus nas últimas 24 horas no mundo, na última sexta-feira (3). Balanço divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) indica 1.038 óbitos em território brasileiro.
Atrás do Brasil, aparecem no ranking México, com 741 vítimas fatais, e Estados Unidos, com 725. O relatório apontou que 517.877 pessoas morreram por Covid-19 no mundo.
Em relação a novos casos, o Brasil foi o segundo país com mais registros: 46.712. Os Estados Unidos, segundo a OMS, lideram com 54.271 pacientes. A Índia, em terceiro, confirmou menos da metade dos casos brasileiros (20.903).
Os dados foram compilados com informações recebidas pela organização até as 5h (horário de Brasília) de 3 de julho.

A quantidade de casos confirmados de Covid-19 aumentou para 10.710.005, de acordo com os dados recebidos pela entidade global. Consideradas as informações disponíveis, a taxa global de mortalidade de coronavírus é de 4,8%.

PP – Procurador Politiqueiro: Deltan Dallagnol diz que Governo e aliados agem contra Lava Jato para enfraquecer Moro em 2022

Foto: reprodução/CNN Brasil

Em entrevista exclusiva à CNN nesta sexta-feira (3), o procurador da República Deltan Dallagnol falou sobre a atual situação da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, da qual ele é coordenador.

Para Deltan, o trabalho realizado hoje é o mesmo dos últimos anos, mas que “passou a interessar ao governo e aos seus aliados” enfraquecer a operação de olho nas eleições gerais de 2022, depois que o ex-juiz Sergio Moro deixou o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“Eu não vejo uma mudança do nosso trabalho nos últimos seis anos. Com o desembarque do ex-ministro Sergio Moro da parte da Justiça, passou a interessar ao governo e aos seus aliados a desconstrução do ex-ministro Sergio Moro e da Lava Jato, de que ele é símbolo, pelo receio de que ele venha eventualmente a concorrer em 2022”, afirmou o procurador.

A fala acontece após um acirramento dos conflitos entre a operação e a atual gestão da Procuradoria-Geral da República (PGR), comandada por Augusto Aras, que foi indicado para o cargo por Bolsonaro em 2019. Deltan evitou dizer diretamente se considera que Aras e a subprocuradora-geral Lindôra Araújo, denunciada à Corregedoria do Ministério Público após uma visita à Curitiba, se encaixam nestes aliados.

“Eu quero acreditar que o Ministério Público é um órgão independente e continuará a se comportar de modo independente e que eventuais mudanças na conjuntura política não deverão influenciar o apoio institucional às forças-tarefas contra a corrupção”, disse, questionado sobre a postura de Lindôra a respeito da operação.

Sobre a visita da subprocuradora-geral, Deltan deu a versão da Lava Jato. Segundo ele, Lindôra Araújo pediu acesso a toda a base de dados da operação, o que incluiria informações fiscais e bancárias de investigados. Para o coordenador da força-tarefa, o compartilhamento deve tratar de casos específicos, lastreados em investigações judiciais.

“[Esses dados] Podem ser usados para chantagem e perseguição política. É material para dossiês inesgotáveis”, disse. “Não se explicou o objeto, o que se queria buscar e qual era a decisão que baseava isso”.

Em nota, a PGR disse que a visita feita pela subprocuradora foi agendada e faz parte do intercâmbio de informações entre a entidade e as forças-tarefas nos estados. O órgão negou que houve inspeção, e sim uma “visita de trabalho que visava a obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo da força-tarefa, para solucionar eventuais passivos”.

Ainda sobre o conflito com Aras, Deltan foi questionado a respeito de uma eventual delação premiada de Rodrigo Tacla Durán, ex-advogado da empreiteira Odebrecht. O procurador confirmou a divergência a esse respeito, antecipada pelo âncora da CNN Caio Junqueira, e disse que a Lava Jato recomendou a Aras não prosseguir com as negociações com Tacla Durán porque ele teria mentido diversas vezes para os investigadores da operação.

“O que nós constatamos e fizemos um relatório para o procurador-geral da República é que ele falseou a verdade em coisa de 20 oportunidades, pelo menos”, disse. Deltan cita ao menos dois episódios, um que envolveria uma tentativa de desbloqueio de bens em Cingapura e outra que, para uma CPI do Congresso Nacional, ele teria dito que a Lava Jato não o procurou para depor. O coordenador da operação disse ter documentado que o advogado informou que ficaria em silêncio.

Bolsonaro

O procurador da Lava Jato fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, as “eclarações do presidente da República contra a corrupção acabaram não se convertendo em ações na prática”.

“Não aprovou o pacote anticrime, não apoia a segunda instância, não barrou medidas que dificultam o combate à corrupção, seja porque ataca a democracia e as instituições essenciais da nossa sociedade, que são essenciais pro nosso pacto comunitário, mas também pro combate à corrupção”, disse o procurador.

Ainda em relação às acusações de politização da operação, Deltan afirmou estar tranquilo com o julgamento de uma representação movida contra ele pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que trata da denúncia contra o petista apresentada em um PowerPoint à imprensa. “O CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público] é um órgão independente e eu acredito que eles vão saber se basear em provas e fatos.”

Ele ainda comentou menções aos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em documentos da Lava Jato. Maia e Alcolumbre possuem foro privilegiado e não podem ser investigados pela força-tarefa.

Uma das acusações levantadas recentemente é que a operação teria ocultado sobrenomes para que pudessem seguir investigando os dois. Deltan Dallagnol negou à CNN que haja qualquer investigação contra ambos no âmbito da Lava Jato e afirmou que eles foram citados em uma acusação que não tratava deles, como destinatários de possíveis recursos, mas sim de pessoas sem foro privilegiado.

Força-tarefa

Deltan Dallagnol afirmou temer pela proximidade do vencimento da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, que precisará de uma decisão sobre renovação em setembro.

“Depois daquele episódio [visita de Lindôra Araújo], foi isso que nós vimos, uma nota agressiva do procurador-geral e o asfixiamento da força-tarefa da Operação Greenfield”, disse, alegando que os procuradores desta outra operação de combate à corrupção passarão a ter que se dividir entre esse e outros casos.

Dallagnol disse não ser contra o fim do modelo de forças-tarefas, nas quais o procurador responsável por um caso recebe uma equipe para ajudá-lo, mas defende que seja apresentada uma alternativa. “Se for para acabar com o modelo de força-tarefa, é preciso que tenha outro modelo aprovado. O que não pode é acabar com o modelo e não ter nada no lugar, porque aí o trabalho para”, disse.

Ele ainda disse ser positiva a movimentação do procurador-geral Augusto Aras para formar uma divisão nacional centralizando as investigações sobre corrupção. Para Deltan, no entanto, essa medida só ajudará os trabalhos se as investigações individualmente seguirem tendo independência em relação à chefia do MPF.

“Se órgão não tiver independência, é pegar todas as investigações contra a corrupção do Brasil sob a guarida de uma única pessoa”, disse, mencionando que a escolha de Aras por Bolsonaro não foi feita através da lista tríplice, votação informal conduzida junto aos procuradores.

CNN Brasil