O gerente da farmácia que vazou a receita médica do infectologista David Uip na qual era prescrito difosfato de cloroquina deverá pagar R$ 11 mil por divulgar o documento. Uma audiência preliminar no Juizado Especial Criminal do Fórum da Barra Funda, em SP, foi realizada na tarde desta quinta (11). Ela foi presidida pelo juiz Fabrizio Sena Fusari —Uip não compareceu, ele foi representado por seu advogado Luiz Flávio Borges D’Urso.
Na audiência, o Ministério Público estadual ofereceu o valor de R$ 11 mil, a ser pago em quatro vezes, diretamente ao Fumcad (Fundo Municipal da Criança e do Adolescente da Prefeitura de SP). O gerente pediu que o valor fosse dividido em 10 parcelas —mas o pedido foi indeferido.
Em abril do ano passado, uma imagem da receita atribuída ao infectologista, que foi coordenador do Comitê de Contingenciamento do Governo de São Paulo, veio a público. No dia 23 de março, o infectologista havia sido diagnosticado com Covid-19. O gerente da farmácia é acusado pelo crime de violação de sigilo profissional, que pode ter pena de detenção de três meses a um ano.
Com o vazamento da receita, Uip passou a ser atacado em redes sociais pelo suposto uso do medicamento no tratamento da Covid-19. Questionado sobre isso em diversas ocasiões, o médico se negou a informar se lançou mão da droga ou não. “Não faço isso para esconder nada, mas não quero transformar meu caso em modelo para coisa alguma”, disse Uip na época.
O assunto virou uma questão política, com o presidente Jair Bolsonaro, entusiasta do medicamento, cobrando uma resposta de Uip. O médico reagiu, respondendo a Bolsonaro em uma entrevista coletiva do governo paulista naquele mesmo mês.
FOLHAPRESS