Acordão do RN está complicado na Lava jato: Sérgio Machado afirma que Agripino pediu dinheiro a empreiteira

Agripino Maia, Henrique Alves, Carlos Eduardo Alves e Felipe Maia

Em novos trechos de gravações divulgados neste pelo jornal Folha de S. Paulo, o senador potiguar José Agripino Maia (DEM) é mais uma vez citado em conversas entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB). Nas gravações feitas por Machado em março passado, ele questiona a Renan: “Quem é que nunca pediu dinheiro? José Agripino, Aécio, Arthur, Aloysio”.

Essa não é a primeira vez que o nome do senador do RN é citado em conversas entre Machado e Renan. Na última quinta-feira (26) o Jornal Nacional, da TV Globo, também divulgou gravações em que ambos citam Agripino. Machado diz que o potiguar é alguém que “pode ser parceiro”. “Não é possível que ele vá fazer maluquice”, disse o ex-presidente da Transpetro.

Na mesma conversa, Renan respondeu: “O Zé nós combinamos de botá-lo na roda. Eu disse ao Aécio e ao Serra que no próximo encontro que a gente tiver tem que botar o Zé Agripino e o Fernando Bezerra. Eu acho”.

 

Conversa entre Renan Calheiros e Sergio Machado

MACHADO – Os canais para… porra.

RENAN – O problema do Lu… por que que o Lula saiu [não foi acusado no processo do mensalão]? Porque o Duda [Mendonça, marqueteiro] fez a delação -na época nem tinha [a lei]-, o Duda fez a delação, e disse que recebeu o dinheiro fora. E ninguém nunca investigou quem pagou, né? Este é que foi o segredo.

MACHADO – E o Lula, Renan, durante [inaudível] um tempo não fez. […] Quando chegou no final do governo…

RENAN – Veio, caiu na real.

MACHADO -…botou na real. Aí [inaudível] umas besteiras, como a Marisa diz, besteira. Ele tem 30 milhões em caixa. Como é que não comprou um apartamento, uma porra [inaudível]. Porra, umas merdas, um sítio merda, um apartamento merda.

RENAN – Apartamento bancário!

MACHADO – De bancário, deixa o cara decorar…

RENAN – Da Bancoop.

MACHADO – Duzentos metros quadrados, Renan. Quer dizer, foi uma cagada enorme, e aí ele se fodeu. Porque ele não fez no governo. Ele armou depois, naquela Sete, naquela Sete que armou. Inclusive tentaram [inaudível]. E ali foi o Gabrielli, junto com uma turma, armaram aquilo, foi outra cagada.

RENAN – Outra cagada.

MACHADO – E ela [Dilma] foi louca, ela viu essa porra e achou que dava. Renan, se você está no governo e começa o incêndio, estando ou não no meio, você tem que apagar, tá dando merda. Você não pode deixar o fogo subir. Esses são os caras. Não podemos deixar essa porra para baixo de jeito nenhum. Você acha que o [advogado Eduardo] Ferrão tem força sobre ele [Teori]?

RENAN – Acesso. Nesse primeiro momento é o acesso.

MACHADO – E eu não vou falar nada com o meu pessoal porque não quero ninguém metido nisso.

[…]

MACHADO – Hoje, eu acho que vocês não poderiam ter reconduzido esse bosta, não. Aquele cara ali…

RENAN – Quem?

MACHADO – Ter reconduzido o Janot. Tinha que ter comprado uma briga ali.

RENAN – Eu tentei… Mas eu estava só.

[…]

MACHADO – [Sobre financiamento de campanha] Quantas vezes tive que interromper campanhas honestas para ir encontrar pessoas e dizer, ‘olha, estou desesperado, preciso de dinheiro’? Encontrar 25 pessoas, cinco vão doar, entre essas cinco que vão doar, uma está metida em problema com quem você não devia se associar. Como é que você no meio de eleição, para ganhar ou para perder, tu quer saber de onde é que vem a origem?

RENAN – [inaudível]… A Odebrecht ficou de pagar […].

MACHADO – Quem mais contribuiu para ela [Dilma]?

RENAN – O negócio do João. Só que…[inaudível] Então ela fingia que estava [inaudível] provar que não tem influência nenhuma.

MACHADO – [inaudível]

RENAN – Isso que ia dar problema.

MACHADO – [Inaudível] Isso ia dar problema, esteve com ela e falou isso, e os donos não deram nenhuma importância. Agora, o que está incomodando muito a Odebrecht, que eu soube, isso eu já soube, é que recebeu caixa dois no exterior em todos esses mercados que a Odebrecht apurava e o pessoal está puto com ela.

RENAN – É. E o João Santana soube e continuou fazendo campanha, ganhar dinheiro. Só daquele Eduardo, de Angola, a campanha custou 150 milhões.

MACHADO – É, eu sei. E agora eles estão putos porque agora estão… Vão responder em torno dela, comprovado, comprovadamente. E a Suíça enlouqueceu. Era o país mais seguro do mundo e virou o país mais inseguro do mundo. Então acho que tem que fazer, Renan, um processo… Porque todo político está assim. Não tem nenhum. Quem é que nunca pediu dinheiro? José Agripino, Aécio, Arthur, Aloysio.

[…]

RENAN – Os caras deram uma nota, o UOL, que o Teori estava despachando nesse final de semana…

MACHADO – Foi isso, foi isso, deu o maior rolo do mundo.

RENAN – Não, lá em Alagoas, o cara botou no UOL que estava querendo ver meu caso, que é a pressão que esse filho da puta faz todos os dias… Não sei o quê e tal. Aí veio um cara que trabalha com a gente, ou querendo prestar serviço, ninguém sabe direito disso, disse o seguinte: ‘Olha, eu estou com informações aí, informações seguras, do pessoal da rede hoteleira, que tem 70 policiais da Polícia Federal e que vai fazer busca e apreensão, tal, na sua casa’. Imagina o cara ouvindo uma porra dessas. Você não tem o que fazer.

MACHADO – Não tinha o que fazer. Você tem que estar psicologicamente preparado para essa merda. Aí não adianta tentar falar com ninguém, querer ter informação. Mas essa história foi domingo passado. De norte a sul de leste a oeste. […] Boataria, boataria. […]

RENAN – […] Ninguém sabe, eles vivem nessa obsessão.

[…]

RENAN – Mas você tem ideia do louco que é isso.

MACHADO – Tudo por causa dessa mulher aí. Renan, como esses caras nomeiam oito ministros do Supremo, oito! Para cima do Rio é tudo um bando de fanfarrão. Fux, não sei quem, não sei quem. A Rosa Weber não deu o negócio do Lula, rapaz.

RENAN – Não deu. Falei com o Lula outro dia…

MACHADO – Ele acha que ganha no pleno?

RENAN – Acha que gan… Tem que aguardar essa decisão.

MACHADO – Mas ele foi [inaudível]? Ele perdeu, o negócio dos procuradores, não deram.

RENAN – Aí porque é lobista, tem influência sobre a mulher. Mas toda vez a mulher fica contra. Eu quero é estar perdendo. Esse povo liga ‘presidente… de qualquer maneira tem acesso…’

Conversa entre José Sarney e Sérgio Machado

MACHADO – A Dilma não tem condições. Você vê, presidente, nesse caso do marqueteiro, ela não teve um gesto de solidariedade com o cara. Ela não tem solidariedade com ninguém não, presidente.

SARNEY – E, nesse caso, ao que eu sei, é o único que ela tá envolvida diretamente. E ela foi quem falou com o pessoal da Odebrecht para dar, acompanhar e responsabilizar pelo Santana.

MACHADO – Isso é muito sério. Presidente, você pegou o marqueteiro dos três para o presidente do Brasil. Deixa que o ministro da Justiça, que é um banana, só diz besteira, nunca vi um governo tão fraco, tão frágil e tão omisso. É que estavam dizendo esta semana: a presidente é bunda mole. A gente não tem um fato positivo.

SARNEY – E todo mundo, todo mundo acovardado.

MACHADO – Acovardado.

[…]

SARNEY – O Renan, eu falo com, eu mesmo falo com ele, mas eu prefiro falar assim com o César Rocha. Prefiro falar com o César.

MACHADO – Ninguém sabe que eu lhe ajudei.

SARNEY – Porque o César Rocha, o César, o César Rocha é que é o nosso cúmplice junto com o…

MACHADO – Com o Teori?

SARNEY – Com o Teori. Ele é muito, muito, mas muito amicíssimo lá do tribunal. O César fez muito favor pra ele.

MACHADO – O Teori era do tribunal do César?

SARNEY – Era. o Teori era do tribunal do César.

[…]

MACHADO Você acha que a gente consegue emplacar o Michel sem uma articulação […[ do jeito que esta […]?

SARNEY Sem articulação, não. Vou ver o que está acontecendo. Vou ao Michel hoje.

MACHADO O Michel… eu contribuí para o Michel. Não quero nem que o senhor comente com o Renan. Contribuí com o Michel para a candidatura do menino. Falei com ele até em lugar inapropriado, na base aérea.

SARNEY Mas alguém sabe que você me ajudou?

MACHADO Não, ninguém sabe, presidente.

Conversa entre Romero Jucá e Sérgio Machado

MACHADO Meu amigo, eu acho que o melhor seria (…). Porque ela continuava presidente. E Michel assumia com liberdade de mudar tudo.

JUCÁ Negociava um ou outro cara aqui que ela quisesse proteger.

MACHADO Isso, proteger no governo. Essa conversa [inaudível] só tem a solução do Getúlio, rapaz. Proteger a família do Lula fazendo um acordo com o Supremo. Não é possível que esses m não façam um acordo desses. Sem o Supremo não adianta. Ou corta as asas da Justiça e do Ministério Público ou f. E quando essa coisa baixar, cortar as asas do Ministério Público.

Com informações da Folha de S. Paulo