Marcos Sergio Silva
Do UOL, em São Paulo
Eram 13h do dia 21 de fevereiro, uma terça-feira, quando o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), discursava para uma plateia de “empresários, políticos e autoridades”, segundo a organizadora do evento Conexão Empresarial, a VB Comunicação, em Nova Lima (24 km de Belo Horizonte). O discurso, de 51 minutos e transmitido pela página oficial do tucano no Facebook, ressaltava os feitos dos, até então, 52 dias de administração do tucano. Falou sobretudo do “Corujão da Saúde”, principal vitrine do mandato e que promete zerar a fila de exames na cidade de São Paulo, cujo número muda a cada dia.
“Só em exames médicos tínhamos 416 mil pessoas esperando para fazer exame”, disse, no evento, sobre o programa. “Colocamos 44 hospitais — e agora já estamos com 50– privados para fazer exame. (…) Até ontem (20/2), já fizemos 171 mil exames em hospitais privados. Hospitais de rico –Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa–, onde o pobre não ia, não tinha acesso. Hoje, os pobres e humildes fazem exames em hospitais referência, onde só gente rica, com plano de saúde, frequentava.”
O que Doria não disse era que apenas uma pequena taxa desses exames seria feita nesses hospitais –e que “pobres e humildes” já frequentavam essas unidades por programas firmados antes de sua gestão. Em 2009, para ser exato, quando o prefeito era Gilberto Kassab (PSD), começaram a ser celebrados convênios com o Proadi-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde).