GUSTAVO URIBE
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
A presença do ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), em grampo da Operação Carne Fraca criou o receio na equipe do presidente Michel Temer de que essa seja uma espécie de prévia de futuras denúncias contra o peemedebista.
Mesmo que a Polícia Federal não veja indícios de ilegalidade na conduta do ministro no episódio em questão, a preocupação é que a revelação de que ele teria um grau de intimidade com o fiscal Daniel Gonçalves Filho, considerado o “líder da organização criminosa”, possa desencadear novas investigações.
Nas palavras de um assessor presidencial, o desgaste na imagem pública do peemedebista será ampliado caso o grampo seja apenas “a ponta de um novelo”.
Na ligação grampeada, feita em fevereiro de 2016, o ministro, na época deputado federal pelo Paraná, chama o fiscal de “grande chefe” e pede informações sobre o frigorífico Larissa, de Iporã (PR), de propriedade de Paulo Rogério Sposito, que foi candidato a deputado federal em São Paulo pelo PPS em 2010.
O fiscal agropecuário foi superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016 e, segundo a PF, chefiava esquema que permitia o recebimento de propina em troca de vistas grossas na fiscalização de frigoríficos.
As suspeitas sobre Serraglio ocorrem no momento em que seis ministros do governo peemedebista, o que representa um quarto da Esplanada dos Ministérios, são alvos de pedidos de abertura de inquérito pela Procuradoria-Geral da República no rastro da Operação Lava Jato.
OUTRO LADO
Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que não há nenhum indício de ilegalidade na conversa gravada de Serraglio e que o grampo é um exemplo de que o ministro não interfere na PF.