Blogueiro levado para depor em SP diz ter sofrido “vingança” de Moro

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

“Que perigo posso oferecer para a Justiça para ser levado da minha casa, às seis da manhã, por quatro policiais federais armados que revistaram minhas coisas mesmo eu sendo testemunha, e não investigado? Me senti um bandido, e em uma situação absolutamente sem justificativa.”

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Eduardo Guimarães

O desabafo é do blogueiro Eduardo Guimarães, 57, autor do “Blog da Cidadania”. Ele foi levado coercitivamente para depor na Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, nesta terça-feira (21), em mandado expedido pelo juiz da 13ª Vara Federal do Paraná, Sergio Moro. A ação transcorreu pelo inquérito que apura o suposto vazamento de informações da 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2016.

Moro ainda determinou que os policiais federais realizassem tanto a busca e a apreensão de aparelhos eletrônicos do blogueiro –entre os quais, celulares e laptop –, como o “o exame e a extração de cópias de mensagens eletrônicas armazenadas nos endereços eletrônicos utilizados pelo investigado”.

Guimarães falou ao UOL horas depois de ter sido liberado. Levado de seu apartamento no Paraíso (zona sul de SP) pouco depois das 6h, ele deixou a PF por volta do meio-dia –mas se queixou que seu advogado, Fernando Hideo, não acompanhou a maior parte do depoimento, já que o blogueiro estava sem o telefone.

Crítico da Operação Lava Jato e do juiz Sergio Moro, a quem já chamou de “psicopata” no Twitter, Guimarães antecipou em fevereiro do ano passado informações sobre a posterior condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que iria depor um mês depois. Em 2015, porém, o blogueiro protocolara no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) representação contra o juiz com questionamentos à prisão temporária de Marice Corrêa Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
“Não fui agredido, nem maltratado pelos policiais que me conduziram e que levaram as minhas coisas. Eles estavam no exercício da função deles. Minha queixa é que o juiz Moro está usando o Estado brasileiro para vendetas, vinganças. Fui alvo de uma vendeta por tê-lo representado ao CNJ em 2015 –porque considero que, quando vira ‘estrela’, o indivíduo deixa de ser juiz”, afirmou o blogueiro. “O magistrado questionou um tuíte meu [em que Guimarães, chamando o juiz de “psicopata”, se dirigia aos leitores observando que os “delírios” do juiz “vão custar seu emprego, sua vida”]. Ou seja: temos uma questão pessoal um com o outro.”