Estadão Conteúdo
O vendedor ambulante Jorge Luís, de 61 anos, tem saudade da época em que ganhava três salários mínimos mensais como auxiliar de serviços gerais, numa empresa prestadora de serviços para a Petrobrás. A perda do emprego e, consequentemente, da carteira assinada levou dele também direitos trabalhistas, benefícios e boa parte da renda familiar.
Hoje, vendendo picolés nas ruas do centro do Rio de Janeiro, ele ganha o suficiente para suas necessidades primárias, mas precisa da ajuda de parentes para o sustento da casa onde vive em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
“Naquela época nós éramos felizes e não sabíamos. Eu era mil vezes mais feliz do que hoje. Eu só consigo tirar meu sustento porque, graças a Deus, não pago aluguel e minha família me ajuda, todo mundo trabalha”, contou Luís.
A máxima de que dinheiro não traz felicidade está equivocada, segundo dados da Sondagem do Bem-Estar apurados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e obtidos com exclusividade pelo Estadão/Broadcast. Quanto mais alta a renda do brasileiro, maior a pontuação no ranking de satisfação.
Os entrevistados que recebiam até R$ 1.200 por mês – a faixa de renda mais baixa da pesquisa – tiveram a menor média de felicidade, 7,58 pontos. Na faixa de renda mais alta, pessoas que recebiam R$ 10 mil ou mais mensais, o nível de satisfação subiu para 8,22 pontos.
“Quando você pensa em satisfação com a vida, você leva em conta vários aspectos, subjetivos e objetivos. A questão da renda é muito importante, é bastante tocada nas pesquisas de bem-estar no mundo inteiro. Quanto maior a renda, a média de felicidade é mais alta”, confirmou Viviane Seda, coordenadora da sondagem no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Na pesquisa da FGV, a média de felicidade foi crescendo conforme a média de renda se ampliava: de R$ 1.200 a R$ 2.600 mensais, 7,77 pontos; de R$ 2.600 a R$ 5.250, 7,94 pontos; e de R$ 5.250 a R$ 10.000, 8,09 pontos.
Diego Nicheli Chagas viu sua satisfação pessoal aumentar conforme ascendia profissionalmente e financeiramente. Em menos de oito anos, o jovem passou de trainee a coordenador na área financeira do Grupo Estácio. Há apenas seis meses veio a última promoção, virou gerente de Operações Financeiras no conglomerado de educação.
“O salário foi ficando mais elevado, a vida começou a mudar. Eu, que era noivo, consegui me casar. Hoje minha mulher e eu temos a nossa casa. Depois de sete anos, além de ter me estabilizado financeiramente, estou estabilizado profissionalmente, estou muito mais feliz”, disse ele.
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