Boca quente: Gilmar Mendes ataca PGR e diz que Janot é “indivíduo sem nenhum caráter”

Em pouco mais de uma hora de voto no julgamento de questão de ordem apresentada pela defesa do presidente Michel Temer (PMDB), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes mirou sua artilharia no ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Dentre os ataques desferidos ao desafeto nesta quarta-feira (20), Gilmar disse que o ex-procurador-geral, que “vivia de dedo em riste”, poderia ter tido “um desfecho mais glorioso, pedindo a sua própria prisão provisória” ao ministro Edson Fachin, relator da denúncia contra Temer.

“Mas ele não teve coragem para isso”, continuou o ministro. “Seria mais digno do que o que ele acabou por fazer nessas tantas trapalhadas”, completou. Ao citar Janot tantas vezes, Gilmar se viu obrigado a justificar a escolha do alvo constante à presidente da Corte, a ministra Cármen Lúcia.

“Presidente, só estou fazendo essas menções ao ex-procurador-geral em nome da historicidade, porque minha religião não permite falar mal de mortos”, disse, em tom de ironia.

Ele reforçou ainda que Janot é um “indivíduo sem nenhum caráter”, ao criticar a atuação de Janot no acordo de colaboração premiada de executivos do grupo J&F.

Substituta de Janot, Raquel Dodge, que estreou no cargo no STF nesta quarta, acompanhou o julgamento mas não se manifestou sobre as alfinetadas ao antecessor.

Gilmar também criticou Janot por não ter apurado antes as suspeitas contra o ex-procurador da República Marcello Miller, classificado pelo ministro como “cérebro” da Procuradoria.

Gilmar criticou os métodos de trabalho da PGR e, sem citar o nome de Janot, sugeriu que há corruptos envolvidos no trabalho da Procuradoria.

“É disso que se cuida aqui, corruptos num processo de investigação. Essa pecha a procuradoria não merecia”, completou o ministro. “Fico a imaginar o constrangimento que hoje cai sobre a PGR em relação a este episódio, a esse grande e valente procurador da República, que usava métodos policialescos para fazer a investigação”, afirmou o ministro durante voto em plenário.

*Colaborou Daniela Garcia, do UOL em São Paulo