Mulher perde mais do que o homem na reforma da Previdência

Apesar de viverem mais, elas enfrentam dupla jornada. Pessoas do sexo feminino dedicam 26,6 horas semanais ao lar e as do masculino, 10,5 horas.

Alessandra Azevedo

Correio Braziliense

No plenário 2 da Câmara dos Deputados, onde têm ocorrido as reuniões da comissão especial que discute a reforma da Previdência, cabem 150 pessoas, mas a sala sempre está um pouco acima da capacidade. Em geral, 37 são integrantes titulares do colegiado, sem contar os outros 37 que substituem, caso um deles não possa ir.
Entre os 74, há apenas uma representante do sexo feminino: a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Foi nessa sala que o relator da proposta, Arthur Maia (PPS-BA), questionou, em  entrevista a jornalistas,  a necessidade de as mulheres se aposentarem antes dos homens, como é feito hoje. “A mulher que é solteira, que não se casou e não tem filho, por que ela vai ter uma diferença em relação ao homem?”.
Em geral, o argumento usado pelos defensores da proposta do governo, que prevê idade mínima de 65 anos e 25 anos de contribuição para requerer a aposentadoria, independentemente do gênero, é de que, atualmente, não faz mais sentido fazer essa diferenciação.
Principal articulador da reforma no governo, o secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, orgulha-se de propor uma reforma “igual para todos”, defendendo que é esse o modelo que os outros países, em especial os da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), têm seguido. Alemanha, Islândia e Noruega, por exemplo, têm a idade mínima ainda mais elevada, de 67 anos para os dois sexos.