“Isso (caixa 2) sempre foi o modelo reinante no País e que veio até recentemente. Porque houve o impedimento e foi a partir de 2014 e 2015. Mas até então, sempre existiu, desde a minha época, da época do meu pai, da minha época e também de Marcelo, de todos aqueles que foram executivos do grupo”, afirmou Emílio.
Os depoimentos de Emílio Odebrecht e do ex-executivo do grupo Márcio Faria, que fizeram delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR), foram colocados sob sigilo, por Moro, a pedido da defesa. O Estadão teve acesso aos vídeos.
Emílio falou a Moro por videoconferência, da Justiça Federal, em São Paulo. Ele negou corrupção na Petrobrás e argumentou que não foi o filho, Marcelo, o responsável pelos pagamentos não contabilizados da empresa.
“O senhor tinha conhecimentos de pagamentos não contabilizados pela Norberto Odebrecht?”, questionou a defesa de Marcelo.
“Sim. Sabia que existia, exatamente uso de recursos não contabilizados”, respondeu Emílio.
O advogado questionou se a “sistemática de pagamentos de recursos não contabilizados” da Odebrecht foi criada pelo presidente afastado do grupo Marcelo Odebrecht, que é réu no processo.
“Não, em hipótese nenhuma.”
Nessa ação penal, o herdeiro do grupo é réu por pagar propinas para o PT via ex-ministro Antonio Palocci.
Emílio lembrou que em sua época à frente do comando da Odebrecht, antes de Marcelo, já se pagava caixa 2 e que dois executivos do grupo eram os homens de sua confiança responsáveis por esses pagamentos. “Um falecido e outro com alzheimer.”