Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Monteiro (PB)
Pelo carro de som, militantes discursam na porta do mercado público de Monteiro (no Cariri da Paraíba, a 311 km de João Pessoa), na manhã deste sábado (18): “Devemos dizer não a esse bando de ladrões que está em Brasília, que tiraram a presidente eleita e agora mostram a que vieram. Até a transposição querem roubar”.
O clima político tomou conta de Monteiro, onde os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff fazem visita na tarde deste domingo (19). O ato (chamado de “Inauguração Popular da Transposição do São Francisco: A celebração das águas”) acontece nove dias após a inauguração oficial do eixo leste da obra, feita pelo presidente Michel Temer.
Por conta da visita, não há mais vagas em hotéis da cidade desde a quinta-feira (16). Cidades vizinhas também estão com hotéis cheios e afirmam ter aumentado a procura em relação a fins de semana normais.
Na cidade, uma equipe de vídeo circula colhendo depoimentos de moradores enaltecendo a obra.
Neste sábado, um palco teve a montagem finalizada. Ao lado, está um palanque para autoridades e políticos do Nordeste, que devem comparecer em bom número neste domingo.
Até mesmo camisas em alusão à candidatura de Lula à Presidência em 2018 estão à venda na cidade.
A ideia das camisas foi do estudante de radiologia José Avandaílson, 31. “A cidade está aquecida com a visita, é hora de aproveitar para vender e ganhar dinheiro”, diz, despistando sobre a venda das camisas, que custam R$ 20 cada uma. “Vendi algumas.”
Na cidade, os moradores não escondem a expectativa com a visita dos ex-presidentes. “O Temer colocou polícia, ninguém chegava perto e por isso foi vaiado. Lula não, já soube que ele mandou não vir polícia que ele quer andar com o povo”, disse a vendedora Marinete Silva, 44. Do dia da inauguração, Temer foi recebido com protestos.