No Brasil até bombeiros estão suspeitos de receberem propinas

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Rio: operação tenta prender 35 bombeiros suspeitos de cobrar propina para liberar alvarás

12.set.2017 - Bombeiro suspeito de integrar esquema é levado à Cidade da Polícia após prisão

Luís Adorno*

Do UOL, em São Paulo

Uma operação realizada na manhã desta terça-feira (12) pelo MP-RJ (Ministério Publico do Rio de Janeiro) e pela Secretaria de Segurança tem como objetivo cumprir 35 mandados de prisão contra bombeiros da capital e Baixada Fluminense e contra três empresários. Eles são suspeitos de participarem de um esquema de liberação de alvarás. Até por volta das 8h, ao menos 13 pessoas já haviam sido detidas.

Entre os bombeiros, há comandantes de grupamentos da capital e da baixada, além de outros oficiais ligados ao setor de engenharia da corporação, segundo o MP. Ao todo, são dez coronéis, sendo dois da ativa e oito da reserva; oito tenentes coronéis, dois majores, oito capitães, um primeiro tenente, um subtenente, três segundos sargentos, um terceiro sargento e um cabo bombeiro.

Em nota, o Corpo de Bombeiros do Rio afirmou que acompanha a operação do MP e que está colaborando com a investigação.

De acordo com a denúncia, os bombeiros “formaram uma organização criminosa que cobrava propina para expedição de alvarás e licenças de estabelecimentos comerciais, ora sem que eles cumprissem as exigências legais de segurança; ora para acelerar o trâmite na obtenção da documentação necessária”. Também estão sendo cumpridos 64 mandados de busca e apreensão, incluindo o quartel-general da corporação, no centro da cidade.

Segundo as investigações, o esquema funcionava em diversas unidades do Corpo de Bombeiros do Rio, “em especial o 4º GBM (Nova Iguaçu), o 14º GBM (Duque de Caxias) e o Grupamento de Operações com Produtos Perigosos (GOPP)”, informa o MP. Além desses grupamentos, também estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão no 8º GBM (Campinho), 12º GBM (Jacarepaguá), 17º GBM (Copacabana) e no Comando de Bombeiros de Área (CBA) da Baixada Fluminense.

A denúncia aponta que os documentos eram classificados pelos integrantes da organização criminosa como de pequeno ou grande porte. “Esse era um dos critérios para a fixação de preços para a propina, que variavam entre R$ 750 podendo chegar até R$ 30 mil”, diz a Promotoria.

Ainda de acordo com a denúncia do MP, o grupo era liderado pelos coronéis José Augusto da Cunha Bandeira e Ricardo Luiz Ferreira de Aguiar, que ocupavam o cargo de assessores especiais do comandante-geral. A reportagem do UOL não conseguiu localizar a defesa dos dois até a publicação da reportagem.

De acordo com o MP, os dois eram os responsáveis pelas nomeações dos comandantes de grupamentos e do CBA da Baixada Fluminense, e, segundo a denúncia, esta escolha “era voltada para a manutenção da prática de corrupção e o grupo buscava nomear, para as posições de comando, os oficiais que participavam do esquema ilícito”.

Os três empresários procurados seriam sócios de empresas que vendiam serviços para regularizar estabelecimentos comerciais junto aos bombeiros. De acordo com as investigações, eles atuavam como intermediários entre as empresas que precisavam das licenças e os envolvidos no esquema.

*Com colaboração de Marcela Lemos, no Rio