Comandante do Exército diz que insegurança jurídica pode inibir ação de tropas no Rio

O general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército

Luis Kawaguti

Do UOL, em Brasília

Após as Forças Armadas participarem de uma ação de cerco na favela da Rocinha durante uma semana no Rio de Janeiro, o comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, afirmou ao UOL que deve ocorrer um maior diálogo com a sociedade sobre os possíveis efeitos colaterais de um enfrentamento efetivo ao crime organizado pelas Forças Armadas.

Entre esses efeitos colaterais estariam eventuais baixas entre civis inocentes, a necessidade de investimentos financeiros em ações de segurança e proteção das fronteiras e medidas de fiscalização que poderiam afetar liberdades individuais de pessoas que moram nas áreas de operações. Ele disse que esse debate deve ocorrer porque o recente “clamor social pelo emprego de forças militares parece apontar para a necessidade de um incremento das ações militares no combate ao crime organizado”.

Villas Bôas disse também que há uma possibilidade de que a atual legislação que ampara as ações militares na área da segurança pública no Rio de Janeiro (chamadas de GLO, ou Garantia da Lei e da Ordem) possa estar funcionando como fator inibidor do combate ao crime.

Em outras palavras, o fato de militares da Forças Armadas poderem ser processados na Justiça comum — e não na Justiça Militar — por possíveis crimes durante a operação de GLO pode fazer com que eles, eventualmente, evitem o confronto com membros do crime organizado.

“Por se tratar de uma situação com características especiais, há a necessidade de se instrumentalizar legalmente as Forças Armadas, para haver uma maior efetividade das ações, sem deixar de primar pelo respeito aos direitos humanos”, disse Villas Boas.

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