José Maria Tomazela
Conhecido como o magistrado mais ameaçado do país por combater o narcotráfico na fronteira do Brasil com o Paraguai, o juiz federal Odilon de Oliveira encerrou sua carreira aos 68 anos decretando na semana passada a prisão preventiva do italiano Cesare Battisti – decisão já revogada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF). Na sexta-feira, depois de limpar as gavetas de seu gabinete e deixar o Fórum Federal de Campo Grande (MS), Odilon foi recebido numa reunião da cúpula do PDT do Estado aos gritos de “governador”.
Ele participou como convidado de um evento de filiação ao PDT em Mato Grosso do Sul. O ex-magistrado foi aclamado pelo público e convidado pelo presidente nacional da sigla, o ex-ministro Carlos Lupi, a assinar ficha de filiação. “Queremos sua coragem e competência para servir a esse Estado como governador”, afirmou Lupi.
O ex-juiz pediu um tempo para pensar, mas discursou como candidato. Lembrou dos 40 anos de trabalho “protegendo o Estado da violência comum, como o crime organizado na fronteira”. Lamentou a “violência oficial”, se referindo à corrupção e ao que chamou de negação dos direitos sociais. “Vou me filiar a um partido que tenha compromisso com o povo e que queira retificar o País. O PDT é um partido que tem afinidade com o povo”, disse, sob aplausos.
Nesta segunda-feira (9), ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o ex-juiz afirmou que outros partidos e presidenciáveis também o procuraram. “Fui sondado pelo (Jair) Bolsonaro (PSC-RJ), pelo (Gilberto) Kassab (PSD-SP) e pelo Álvaro Dias (PV-PR). São dirigentes de bons partidos, mas meu filho já é vereador pelo PDT e vejo que o partido tem um conteúdo bom. Querem que eu me filie no dia 11 de novembro para disputar o governo ou o Senado, mas ainda estou pensando.”