Paulo Renato Coelho Netto
Colaboração para o UOL, em Campo Grande
Mais de 1.500 quilômetros de distância separam o passado de glória, poder e dinheiro do ex-governador Sergio Cabral no Rio de Janeiro de seu novo endereço, no presídio de segurança máxima de Campo Grande.
O presídio, que fica a cerca de 15 km do centro da capital sul-mato-grossense, é policiado 24 horas por dia por agentes treinados e concursados pelo Sistema Penitenciário Federal. Perto dali há um lixão e, em volta do presídio, uma grande área verde, sem moradias ou loteamentos.
Dentro dele, as regras são rígidas e valem para todos, mesmo os visitantes: ninguém entra sem passar por detectores de metais e não é permitida a entrada de qualquer material, nem mesmo comida. Tudo é controlado. Até as conversas dos advogados com os detentos, que acontecem no parlatório, são gravadas em áudio e vídeo.
Alegando motivos de segurança, o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, não divulgou quando será a transferência, que deve ocorrer em breve
Assim que for transferido, Sérgio Cabral vai passar a viver em uma cela individual de seis metros quadrados. Ela ficará numa ala com 13 celas, de presos “intelectuais”, separado de criminosos de facções. Lá não terá acesso à rádio, televisão, celular ou relógio.
Não existem interruptores nas celas. As luzes são acesas por um controle interno às 18 horas e apagadas às 22 horas. As portas das celas são de aço maciço, sem aberturas. Não existem grades nem janelas na cela, apenas ventilação. Da cela, não é possível ver do que se passa pelo lado de fora. É um mundo à parte.
O presídio de Campo Grande já abrigou conhecidos narcotraficantes nacionais e internacionais. Entre eles Fernandinho Beira-Mar e o colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía. Assim como os outros 150 detentos do local, Cabral será recebido e tratado como um preso comum, de alta periculosidade.
“Aqui não é para qualquer um. Eles ficam na cela 22 horas do dia e, em alguns casos, não saem nem para ver a luz do sol, quando pegam o RDD [Regime Disciplinar Diferenciado]. O Abadía desenvolveu depressão aqui, adoeceu”, diz um agente penitenciário que pediu anonimato.
No presídio, três detentos já se suicidaram e outros três casos foram controlados pelos agentes. “Aqui, eles não fazem o que querem”, diz o segurança.