Amigos,
Mudar de ano, às vezes, serve para algumas coisas. E uma delas, talvez a mais importante, é para impulsionar processos reflexivos e renovar esperanças – não de espera, mas de ESPERANÇAR. Diante da vida, devemos nos indagar o que fizemos e, especialmente, o que não fizemos.
Depois de um ano tão terrível no mundo e, especialmente, no Brasil, mais do que nunca precisamos ter ESPERANÇAS e CORAGEM. Coragem para tomar posições. Coragem para ir sempre ao fundo da vida, como diz minha querida Clarice Lispector que em 2020 faria 100 anos. 2020 não será fácil. Exigirá de nosostros firmeza, posições, coragem. Enfim, não podemos ser indiferentes. Indiferentes à fome, à desigualdade social, à destruição da natureza e do patrimônio cultural brasileiro, ao aniquilamento dos povos tradicionais, ao racismo, ao esfacelamento da ciência, à violência, à intolerância, a eliminação das políticas sociais, à mercantilização das nossas cidades – que devem ser lugares de Encontros. Não podemos ser indiferentes ao desamor – sabendo que somos sempre modificados pelo que amamos.
Não podemos olhar a sangria do outro pela janela. Afinal, a indiferença é também fértil e, passiva e potencialmente, cria mundos indesejados. Talvez, os mais cruéis e desumanos.
Viver significa tomar partido. Quem verdadeiramente vive, não pode deixar de posicionar-se. Ser partidário é estar vivo. É ser semente plantando vida, esperança, transformações e futuro. Na vida há os que se expõem, e se arriscam; e os que se defendem, se escondem.
O humanismo, do qual cada dia mais nos afastamos, só pode ser construído, resgatado, com tomada de posição a seu favor, com indignação a tudo que o comprometa, com rejeição a tudo que o aranhe. Jamais será reencontrado com nossa indiferença.
A humanidade só continuará a existir, só terá lugar no amanhã, enquanto a cultura, o conhecimento, a ciência, a criatividade, o amor, a solidariedade, a imaginação, ética, a compaixão e um meio ambiente saudável e equilibrado forem nosso chão e nossa estrela.
Estar ao lado da humanidade é dizer não à indiferença. Eis o que interessa. Que o novo ano nos sacuda da nossa indiferença e, então, poderemos colher flores.
… atrás da curva
Perigosa eu sei que existe
Alguma coisa nova
mais vibrante e menos triste.
(Raul Seixas)
Feliz novo ano para todos !!
Marjorie Madruga
* Advogados e Procuradora do Estado do RN