Veja o que já se sabe sobre esta nova mutação:
De onde vieram os genomas analisados?
De coronavirus extraídos de 180 pessoas: 82 homens e 98 mulheres, de 19 municípios do estado do Rio de Janeiro. A maioria (60,6%) são da capital. A pesquisa foi realizada em parceria com a Secretaria de Saúde do estado, de abril a novembro, com as amostras coletadas no Centro de Triagem e Diagnóstico (CTD) para a Covid-19 da UFRJ, do Laboratório Central Noel Nutels, e do Laboratório de Diagnóstico Molecular Doutor Francisco Rimolo Neto, em Maricá.
Qual a origem da nova linhagem?
“Estimamos que a cidade do Rio de Janeiro representa a fonte primária das linhagens do vírus em circulação dentro do estado”, diz o estudo. Se trata de um trabalho de análise da forma como o vírus sofre alterações à medida que se replica, evolui e forma novas populações.
A nova linhagem afeta a capacidade de transmissão ou de agravar a Covid-19?
O estudo não investigou isso. A linhagem chama a atenção porque uma de suas mutações está numa região específica de uma proteína do coronavírus, a espícula ou S, necessária para que ele possa infectar as células humanas. Mas isso não quer dizer necessariamente que o torne mais contagioso ou que a infecção seja mais grave.
E as mutações encontradas podem afetar a resposta de defesa do organismo?
Tampouco se sabe se afeta a resposta do sistema imune. No estudo, os cientistas dizem que “também identificamos a mutação G23012A (E484K) na região RBD da proteína espícula. Essa alteração foi previamente associada com o escape de anticorpos neutralizantes contra o Sars-CoV-2. Porém, novas análises são necessárias para saber se mudanças em novas linhagens têm efeito importante sobre a infectividade do vírus, a resposta imune ou a severidade da doença.” Ou seja, é preciso continuar o estudo para descobrir.
Por que mutações na proteína S são tão importantes?
Porque essa proteína é a chave que o coronavírus usa para entrar nas células. Especialmente importante é uma região da proteína chamada RDB. A RDB é a parte específica que o Sars-CoV-2 usa para se prender e entrar nos chamados receptores ACE2, a “porta” de entrada nas células humanas. Tanto a linhagem brasileira quanto a britânica apresentam mutação na região RDB. Como a proteína S é essencial para a infecção, é alvo de muitas das vacinas contra o coronavírus.
Essa mutação pode afetar a eficácia de vacinas?
As vacinas são projetadas para estimular uma resposta muito mais completa e cientistas acreditam que pode levar anos até que o coronavírus possa mudar o suficiente para torna-las ineficientes.
O GLOBO