Arquivo diários:04/12/2020

Rogério Marinho fez festa tucana no Seridó

Rogério Marinho tirou suas penas tucanas, mas continua com o bico tucano.
Rogério está levando Bolsonaro no bico prometendo levar Álvaro e Ezequiel para seu sistema político.

Depois de uma passagem bajulatória pelo PSB do saudoso ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, o ministro Rogério Marinho apesar de ser ministro do Presidente Bolsonaro tem se comportado como um tucano camuflado.

Nesta semana, o tucano do bico fino Rogério Marinho juntou toda tucanagem potiguar para participarem de solenidade, atos administrativos e políticos do Governo Federal.
Ladeado dos tucanos, presidente da Assembleia Ezequiel Ferreira de Sousa e do prefeito de Natal Álvaro Dias, Rogério balançou suas penas tucanas misturando atos administrativos com proselitismo político.
Rogerio Marinho está prometendo ao Presidente Bolsonaro levar Ezequiel e Álvaro para apoiá-lo em 2022, mas ocorre que o PSDB deverá ter candidato à Presidência da República. Então de duas coisas uma: ou Ezequiel e Álvaro saem Rogério do PSDB, ou Rogério Marinho ou Rogério volta ao ninho tucano, não dá para dá bicadas em duas cumbucas.
Outra astúcia de Rogério Marinho foi em meio da visita administrativa custeada com recursos públicos que utilizou até helicópteros das Forças Armadas, lançar às candidaturas de Ezequiel (PSDB) para o Senado e Álvaro Dias (PSDB) governador. Rogério sem prurido, revelando o uso da estrutura pública para fazer proselitismo político, declarou que Ezequiel e Álvaro “são imbatíveis”.
Tanto Ezequiel como Álvaro são filiados ao PSDB, neste caso eles serão candidatos apoiando Bolsonaro ou o candidato tucano à Presidência que deverá ser o governador de São Paulo, João Dória?
Imagens da festa tucana bancada pelo Presidente Bolsonaro:

Atos com discursos dos tucanos Álvaro Dias e Ezequiel
Primo Washington Dantas assessor do PSDB/RN com Bolsonaro e na festa tucana de Rogério Marinho

 

Bolsonaro ameaça demitir Onyx e estuda usar cargo em disputa na Câmara


Enquanto costura com aliados para que um candidato governista vença a eleição do Congresso em fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro avalia cenários para uma provável reforma ministerial e reafirma a proibição de que o governo fale em Renda Brasil ou Renda Cidadã, um programa para substituir o Bolsa Família e tentar contemplar o público que beneficiado pelo auxílio emergencial.

No último dia 29, o presidente evidenciou sua ordem ao repetir que daria “cartão-vermelho” para quem falasse em Renda Brasil. “O que eu falei três meses atrás está valendo. Quem falar em Renda Cidadã, cartão vermelho”, disse.

Da primeira vez que ameaçou uma demissão a ordem parecia ser ao ministro Paulo Guedes (Economia), mas na realidade foi ao secretário dele, Waldery Rodrigues, que trabalhava para encontrar uma solução para o fim do auxílio emergencial em dezembro.

Agora, porém, interlocutores do presidente garantem que a ameaça foi direcionada ao ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, que havia prometido publicamente o anúncio do Renda Cidadã para esse mês.

Além do anúncio, a equipe de Onyx vinha trabalhando na modelagem do programa. Conforme mostrou o UOL, a ideia era dar inclusive uma espécie de voucher para creche e prêmios em dinheiro para bons alunos.

Guedes e Bolsonaro, porém, decidiram, pelo menos por enquanto, que o auxílio emergencial acabará em dezembro e que, a partir de janeiro, o Bolsa Família voltará ao modelo anterior.

No Palácio do Planalto, a visão é de que Onyx demorou para entender o recado e por isso o presidente teve que reforçar a ameaça. No ministério da Economia há a certeza de que a nova ameaça foi enviada ao Ministério da Cidadania.

“Esse cartão ai agora não foi para nós”, disse o ministro a membros de sua equipe.

Aliado leal

Bolsonaro sempre deixou claro que Onyx conta com sua gratidão e que vê seu ministro como um aliado leal. Onyx, que é do DEM, embarcou na campanha de Bolsonaro ainda quando as chances de o presidente ser eleito eram consideradas remotas.

Apesar disso, o fraco desempenho de Onyx à frente da Casa Civil – tido como um dos ministérios mais importantes – obrigou Bolsonaro a tirar o aliado do Palácio do Planalto.

Foi quando, em fevereiro do ano passado, ele acabou sendo contemplado com o ministério da Cidadania, pasta que cuida de políticas sociais como o Bolsa Família.

Fontes do governo consideram quase imperativo que haja alguma readequação nos quadros ministeriais no início de 2021 e afirmam que é natural que se faça algum tipo de ajuste na equipe no começo de um novo ano.

As mudanças mais apontadas atualmente seriam a transferência de Ricardo Salles do Meio Ambiente para o Turismo e uma substituição de Ernesto Araújo, no Ministério das Relações Exteriores.

Ajustes eleitorais

Se o cargo de Onyx realmente entrar na cesta, a pasta possivelmente será usada para negociações em torno da sucessão da Câmara. O Planalto trabalha para tentar derrubar o candidato de Rodrigo Maia, ou ele mesmo caso ele consiga uma brecha na Constituição para concorrer novamente.

Hoje, nos bastidores, o governo trabalha pela candidatura do deputado Artur Lira (PP-AL). Publicamente, porém, Bolsonaro ainda tem evitado se envolver na sucessão da Câmara.

Isso porque, além da experiência malsucedida do presidente como cabo eleitoral nas eleições municipais, Lira possui o que aliados do presidente apontam como “teto de vidro”. Ele é réu acusado de corrupção passiva no processo em que é investigado por receber R$ 106 mil em propina.

Pioneirismo: OAB/RN regulamenta aplicação de acordo de não persecução disciplinar no âmbito dos seus processos ético-disciplinares

Em reunião realizada nesta data (03.12.2020), o Conselho Seccional do Rio Grande do Norte da Ordem dos Advogados do Brasil aprovou a proposição 2831/2020, de autoria do Conselheiro Síldilon Maia Thomazdo Nascimento, a qual regulamenta a aplicação do acordo de não persecução disciplinar no âmbito dos processos ético-disciplinares que tramitam naquele órgão e perante o respectivo Tribunal de Ética e Disciplinar.

Originalmente apresentada em 05.03.2020, a proposição foi objeto de inúmeros debates e da realização de audiência pública em 03.08.2020, a qual contou com a participação do corregedor-adjunto da Corregedoria-Geral do Processo Disciplinar da OAB Nacional, Luiz Renê Gonçalves do Amaral.

Na sessão de hoje, a Conselheira Tatiane de Lacerda Barros apresentou voto vista com algumas alterações que aperfeiçoaram o texto original do projeto. Tanto ela quanto o Conselheiro Síldilon Maia destacaram a participação de outros conselheiros que atuaram com muito afinco para a elaboração do texto final, dentre eles Adeilson Ferreira de Andrade, Andrea Lucas Sena de Castro, João Victor de Hollanda Diógenes, Luís Vinícius dos Santos Freire, Eliane Maria Amâncio Lemos de Brito e Milena da Gama Fernandes Canto, além do membro do Tribunal de Ética e Disciplina José Tito do Canto Neto.

“As contribuições trazidas por Milena da Gama Fernandes Canto, José Tito do Canto Neto e pelos demais membros do Tribunal de Ética e Disciplina foram essenciais para que evoluíssemos do texto original da proposta até muito próximo da redação final”, disse Síldilon Maia.

STF começa a decidir se governo deve apresentar plano de vacinação contra coronavírus

Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou à 0h desta sexta-feira (4) o julgamento de duas das quatro ações em tramitação na Corte que tratam da vacinação contra a Covid-19.

Relator dos processos, o ministro Ricardo Lewandowski votou a favor de que o governo federal apresente em 30 dias um plano detalhando as estratégias e ações para assegurar a oferta de vacinas para o coronavírus.

O julgamento ocorre no plenário virtual, formato em que não é preciso realizar uma sessão presencial ou por videoconferência para deliberar sobre processos — os ministros somente inserem os votos no sistema do STF. Se não houver pedidos de destaque, que interrompem o julgamento, a votação termina no dia 11.

Promotor de Justiça é suspenso por 30 dias, sem salário, por postagem em rede social

O promotor de Justiça Fernando Krebs foi suspenso por 30 dias, sem direito a receber o salário, por compartilhar, em uma rede social, uma mensagem ofensiva contra o ministro Gilmar Mendes. A publicação foi feita em 2019, e o Conselho Nacional do Ministério Público a classificou como discurso de ódio que incita a violência.

Krebs informou que foi surpreendido com a decisão e vai recorrer. A sentença é de 27 de novembro, mas só foi divulgada na quinta-feira (2).

A postagem, feita por uma terceira pessoa, mas compartilhada pelo promotor, diz: “Quem somos nós para julgar Janot? O homem chegou mais perto de fazer a vontade do povo do que qualquer um”.

O texto foi publicado dias após a divulgação nacional de entrevista em que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot declarou que cogitou matar o ministro Gilmar Mendes, dentro do Supremo Tribunal Federal, com um “tiro na cara”.

Segundo o Conselho Nacional do Ministério Público, autor da ação, ao compartilhar a postagem, Fernando Krebs descumpriu os deveres do cargo, como manter conduta ilibada e irrepreensível na vida pública e particular, zelando pelos prestígios dos poderes. Os conselheiros consideraram que o fato de a mensagem não ter sido escrita diretamente pelo promotor não excluiu a responsabilidade que ele tem sobre a postagem.

Krebs diz que post não foi intencional

Krebs afirmou, no entanto, que não foi uma postagem intencional, não percebeu que tinha compartilhado e que ela aconteceu quando ele estava em tratamento contra um câncer, em situação de saúde debilitada.

“Eu fui julgado pelo relator que me interrogou e conhece o processo administrativo e fui absolvido. Fui surpreendido com um pedido de vista e a condenação absolutamente desproporcional sob a alegação que eu teria feito intencionalmente essa postagem, o que não é verdade. Considero a decisão injusta e vou recorrer administrativa e judicialmente da mesma e confio na reversão dessa condenação”, afirmou o promotor.

O procedimento também será encaminhado para a Procuradoria-Geral da República para adoção das medidas cabíveis para apurar crime contra a Lei de Segurança.

G1

Gilmar e Toffoli votam para permitir reeleição de Maia e Alcolumbre e Nunes Marques vota contra reeleição de Maia

Em um julgamento histórico, com previsão de durar uma semana, os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram na madrugada desta sexta-feira (4) para permitir uma eventual reeleição dos atuais presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Na prática, o voto dos dois ministros abre caminho para que Maia e Alcolumbre concorram à reeleição em fevereiro de 2021, quando está marcada a eleição da cúpula do Congresso. Maia nega ser candidato a disputar mais dois anos à frente da Casa.

Relator da ação do PTB que discute a controvérsia, Gilmar Mendes escreveu um longo voto de 64 páginas, em que entende que os membros do Congresso podem até discutir o tema e deliberar sobre o assunto internamente, desde que observado em qualquer caso, o limite de uma única reeleição ou recondução sucessiva ao mesmo cargo.

No entanto, para Gilmar Mendes a regra de permitir apenas uma reeleição deve valer apenas a partir de agora, por conta do princípio da “anualidade” – para o ministro, não se pode mudar as regras do jogo faltando menos de um ano para o pleito. Dessa forma, o voto do relator permite que Maia (que já está no terceiro mandato consecutivo à frente da Câmara) dispute mais dois anos no comando da Casa.

“O tema foi posto, e cabe ao Tribunal decidir. Decidiremos, entretanto, acerca da constitucionalidade de dispositivos regimentais que tratam sobre a composição da mesa das Casas do Congresso Nacional. Não decidiremos acerca de quem vai compor a próxima mesa: para tanto é preciso de votos no Parlamento, e não no plenário deste Supremo Tribunal Federal. Na eleição de Mesa do Poder Legislativo, é a maioria parlamentar que define quem ‘fala pela Casa’, não um acórdão”, escreveu Gilmar Mendes.

O Supremo iniciou nesta sexta-feira o julgamento sobre a controvérsia no plenário virtual da Corte, uma ferramenta que permite a análise de casos pelos magistrados longe dos holofotes da TV Justiça – e dos olhos da opinião pública. Na plataforma, os ministros apenas depositam seus votos no sistema eletrônico, sem discussões ou troca de ideias entre si.

Terceiro ministro a votar em plena madrugada, Nunes Marques votou contra uma eventual candidatura de Maia à reeleição. Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo, o ministro novato concordou com Toffoli e Gilmar Mendes no sentido de que só pode ser permitida uma única recondução, mas concluiu que esse entendimento deve valer já agora. Ou seja, o voto de Nunes Marques proíbe que Maia comande a Câmara por mais dois anos – mas autoriza a campanha à reeleição de Alcolumbre, já que o senador ainda está no primeiro mandato.

“Se o presidente da República pode ser reeleito uma única vez – corolário do princípio democrático e republicano – por simetria e dever de
integridade, este mesmo limite deve ser aplicado aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal”, escreveu Nunes Marques em seu voto.

Transparência. O julgamento está previsto para durar uma semana, mas pode ser interrompida a qualquer momento caso algum integrante da Corte peça vista (mais tempo para análise) ou destaque. Ainda faltam ser computados oito votos.

No caso de destaque, o julgamento não apenas seria interrompido, como acabaria retirado do plenário virtual – e teria de retornar no plenário “físico”, nas tradicionais sessões plenárias do STF, agora realizadas por videoconferência. É isso o que pediram o PTB (autor da ação) e outros três partidos: PP, Podemos e Rede Sustentabilidade.

PP, Podemos e Rede querem que a ação seja julgada no plenário “físico”, “com a maior transparência, publicidade, participação social e escrutínio público possíveis”. Na avaliação de integrantes da Corte ouvidos pela reportagem, as maiores chances de o Supremo abrir caminho para uma eventual candidatura à reeleição de Maia e Alcolumbre estão no plenário virtual, e não no plenário físico. Isso porque, nas sessões transmitidas ao vivo, os magistrados poderiam mudar o voto sob pressão da opinião pública.

ESTADÃO CONTEÚDO

Acredite quem quiser: Youtubers bolsonaristas ganham R$ 100 mil mensais com informações repassadas por assessores do presidente

O sigiloso inquérito dos atos antidemocráticos aberto em abril para apurar a organização e o financiamento de manifestações contra a democracia revela que um negócio muito lucrativo estava por trás dos protestos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso. Mas o que mais causou surpresa foi a descoberta de que informações usadas por uma rede de canais no YouTube, investigados por promover esses atos no País, saíram de dentro do Palácio do Planalto.

A conclusão consta de inquérito com 1.152 páginas, ao qual o Estadão teve acesso. Após sete meses de diligências, as apurações mostraram os elos e a convivência harmoniosa da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) com os youtubers do “gabinete do ódio”, núcleo palaciano que adota um estilo beligerante nas redes sociais.

A existência desse grupo, com essa denominação, foi revelada pelo Estadão, em setembro de 2019. Trabalhando a poucos metros do gabinete do presidente Jair Bolsonaro, o assessor especial da Presidência da República Tércio Arnaud Tomaz e o Coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens, são os interlocutores do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, dono do canal Terça Livre, dentro do Planalto.

Tércio é apontado no inquérito dos atos antidemocráticos como elo entre o governo e os youtubers, que possuem acesso privilegiado a Bolsonaro e informaram faturamento de mais de R$ 100 mil por mês. Integrante do “gabinete do ódio”, Tércio repassa vídeos do presidente e participa de grupo de WhatsApp com os blogueiros para “discutir questões do governo”, segundo disse em depoimento à Polícia Federal. Cid, por sua vez, admitiu que, como “mensageiro” de Bolsonaro, leva e traz recados de Allan para ele. O blogueiro atua como uma espécie de representante das demandas dos demais canais.

A investigação feita pela Polícia Federal em inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, ainda não terminou, mas já atormenta Bolsonaro por fechar o cerco sobre a militância digital bolsonarista. Até agora, foram ouvidas mais de 30 pessoas, entre as quais o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), apontado como comandante do “gabinete do ódio”, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filhos do presidente.

“A propaganda de conteúdo extremista no campo digital culmina, de fato, em ações subsequentes: as manifestações reais contra o Estado Democrático de Direito, criando um ciclo que se realimenta, com a difusão das manifestações pelos canais de internet dos produtores, que, por sua vez, são alardeados e replicados em perfis pessoais de redes sociais de agentes do Estado, gerando mais visualizações (difusores)”, constatou a Polícia Federal, em relatório de 9 de julho.

Não passou despercebido dos investigadores que, no período dos protestos antidemocráticos, alguns com a presença de Bolsonaro, vídeos com títulos apelativos pipocaram nas redes sociais. Nessa lista estavam “Bolsonaro rebate conspiradores”, “Bolsonaro dá ultimato para sabotadores e intromissões”, “Bolsonaro invade STF”, “A Força de Bolsonaro é maior que Congresso e STF”, “Bolsonaro e Forças Armadas fechados em um acordo para o Brasil” e “STF decidiu eliminar Bolsonaro”, como registrou a Procuradoria-Geral da República (PGR).

“Com o objetivo de lucrar, estes canais, que alcançam um universo de milhões de pessoas, potencializam ao máximo a retórica da distinção amigo-inimigo, dando impulso, assim, a insurgências que acabam efetivamente se materializando na vida real, e alimentando novamente toda a cadeia de mensagens e obtenção de recursos financeiros”, disse o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques, em manifestação ao STF.

Com atos contra democracia, canais bolsonaristas aumentaram inscritos e lucros

Levantamento do Estadão identificou que o número de inscritos de onze canais sob investigação aumentou 27% no total, de 6,7 milhões para 8,5 milhões, entre 1º de março e 30 de junho. O período coincide com o das manifestações antidemocráticas. De julho até o fim do mês passado, quando já não havia mais protestos, os canais cresceram apenas 6%.

Nos interrogatórios, a PF tem questionado se os donos de canais são “laranjas” de terceiros. Foi o que ocorreu no depoimento prestado por Anderson Azevedo Rossi. O criador do canal Foco do Brasil respondeu que não repassa dinheiro recebido de monetização do Youtube a outros. Rossi afirmou, porém, que recebe ajuda de Tércio Tomaz para abastecer a sua página.

Por meio do WhatsApp, disse ele, o assessor repassa vídeos de Bolsonaro. Tércio está sempre ao lado do presidente. Filma suas conversas de forma imperceptível e procura flagrar situações que possam constranger quem o incomoda.

Com 2,3 milhões de seguidores no Youtube, Rossi teve uma guinada na carreira desde a ascensão de Bolsonaro. Recebia um salário de R$ 3,5 mil como técnico de informática em sua cidade, Canela, no Rio Grande do Sul. Agora, com os recursos da monetização – a remuneração que o YouTube paga por anúncios publicitários nos canais – faturou com o Foco do Brasil US$ 330.887,08 entre março de 2019 e maio de 2020, o equivalente a R$ 1,7 milhão na cotação atual de câmbio. É um valor aproximadamente 33 vezes maior do que ganhava na função anterior. Rossi chegou a instalar uma sala física do canal em Brasília.

Em depoimento à PF, Tércio negou dar tratamento diferenciado aos donos de canais no Youtube que orbitam em torno de Bolsonaro. Admitiu, porém, ter participado de um grupo de WhatsApp com Allan dos Santos para discutir questões do governo federal. Allan, por sua vez, disse que recebe R$ 12 mil por mês, na condição de “sócio” do Terça Livre, também obtidos por meio de monetização, segundo depoimento prestado à PF.

Já Fernando Lisboa, do Vlog do Lisboa, fatura de R$ 20 mil a 30 mil por mês. Emerson Teixeira, do canal “Professor Opressor”, informou que tem rendimento mensal de R$ 11 mil. Foco do Brasil, Terça Livre e Vlog do Lisboa veicularam propaganda da reforma da Previdência, paga pela Secretaria de Comunicação (Secom). Exibiram, respectivamente, 57.044, 1.447 e 2.081 inserções publicitárias no YouTube, de acordo com informações enviadas pela Secom à CPMI das Fake News no Congresso, no período de 6 de junho a 13 de julho de 2019.

A lista de canais que difunde o discurso do “gabinete do ódio” inclui ainda a Folha Política, de Ernani Fernandes Barbosa e Thaís Raposo, que informaram rendimento no YouTube de R$ 50 mil a 100 mil por mês. Ao todo, 11 canais, incluindo também o Direto aos Fatos, de Camila Abdo, e o TV Direita News, de Marcelo Frazão, continuam sendo investigados por disseminação de conteúdo contra as instituições. Um deles, da  extremista Sara Giromini, foi excluído do YouTube por ferir normas. Outro, do jornalista Oswaldo Eustáquio, não está mais disponível para acessos no Brasil. Os números de inscritos dos canais que seguem ativos, somados, atingem 9,1 milhões.

Desde a última sexta-feira (27) o Estadão tem pedido uma manifestação da Secom. A reportagem perguntou também se os assessores Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes, Mauro Cesar Barbosa Cid e  Mateus Diniz gostariam de se manifestar, já que são citados no inquérito do STF. Três e-mails foram enviados à Secom, mas não houve resposta.

ESTADÃO CONTEÚDO