Arquivo diários:15/11/2018

Quem tem problemas com a Justiça não entrará no governo, diz Bolsonaro

O presidente eleito Jair Bolsonaro descartou a possibilidade de que pessoas com problemas com a Justiça integrem seu governo. Ao apresentar o futuro chanceler, o embaixador Ernesto Araújo, o futuro mandatário negou que esteja negociando indicações para embaixadas ou ministérios com qualquer integrante do atual governo.

“Quem estiver devendo para a Justiça não terá a mínima chance de continuar num governo meu. Quem não estiver devendo, podemos até conversar”, declarou Bolsonaro. Ele disse que pretende concluir a definição dos nomes para ocupar o primeiro escalão até 30 de novembro.

Sobre o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Bolsonaro declarou que ele está isento de acusações e tem qualidades para ocupar o cargo. O presidente eleito disse que as indicações não estão levando em conta critérios políticos.

“O Onyx é a pessoa mais adequada para responder a essa pergunta para vocês. Pelo que eu saiba, ele não é réu em nada. Não tem critério político [nas indicações]”, acrescentou Bolsonaro.

O ministro extraordinário da transição, Onyx Lorenzoni, negou hoje (14) que tenha sido beneficiado com um segundo repasse da JBS, em 2012. Ele reconheceu que houve, sim, um repasse em 2014, e disse ter admitido o erro publicamente. De acordo com o ministro, a informação veiculada na imprensa nesta quarta-feira (14) tem a intenção de desestabilizar o governo eleito Jair Bolsonaro.

Perguntado se confiava plenamente na isenção de Lorenzoni, o futuro presidente respondeu: “Cem por cento da minha confiança, ninguém tem. Só meu pai e minha mãe”. Neste momento, Bolsonaro foi aplaudido por populares que acompanhavam a entrevista na porta do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, local onde está a equipe de transição.

Depois de sair do CCBB, Bolsonaro dirigiu-se ao Aeroporto de Brasília, de onde voltou para o Rio de Janeiro.

Agência Brasil

Qual o problema em ser “amigo”? Lula chama Moro de “amigo de Youssef” e juíza reage: “É melhor o senhor parar com isso”

Resultado de imagem para juíza Gabriela HardtO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou o juiz Sergio Moro de ser amigo do doleiro Alberto Youssef durante interrogatório, nesta quarta-feira (14), no processo da Operação Lava Jato sobre reformas feitas por empreiteiras em um sítio de Atibaia (SP) usado pelo petista. A declaração motivou uma repreensão da juíza Gabriela Hardt, que conduziu a audiência.

Lula fez a acusação quando respondia uma pergunta feita por seu advogado, Cristiano Zanin Martins, sobre como eram feitas as indicações para a diretoria da Petrobras. Neste processo, entre outras acusações, o MPF (Ministério Público Federal) afirma que o ex-presidente comandou um esquema criminoso na estatal, envolvendo a nomeação de diretores que teriam aceitado propinas de empreiteiras em troca de benefícios em contratos.

O ex-presidente começou respondendo que a nomeação levava em conta uma análise da idoneidade dos indicados feita pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional), órgão vinculado à Presidência da República. No fim da declaração, o petista faz a afirmação vinculando Moro a Youssef.

“Eu não sei por que cargas d’água, no caso Petrobras, houve essa questão de jogar suspeita sobre indicações de pessoas. É triste, mas é assim. Possivelmente, por conta de que o delator principal é o [Alberto] Youssef, que era amigo do Moro desde o caso do Banestado (Banco do Estado do Paraná). É isso, lamentavelmente é isso”, disse

Youssef foi um dos primeiros delatores da Lava Jato, em 2014, e teve seu acordo homologado por Moro. O juiz também homologou, uma década antes, o acordo de delação de Youssef por sua colaboração com as investigações do escândalo do Banestado. Este primeiro acordo chegou a ser invalidado pelo próprio Moro depois da prisão de Youssef na Lava Jato, pois o magistrado entendeu que o doleiro tinha quebrado o pacto ao voltar a cometer crimes.

Assim que Lula associou Moro a Youssef, a juíza Gabriela Hardt — que substitui o juiz desde que ele aceitou o convite para ser ministro da Justiça no governo eleito de Jair Bolsonaro (PSL) — repreendeu o ex-presidente por meio de seu advogado.

“Doutor, por favor. Ele não vai fazer acusações sobre meu colega aqui”, disse ela.

Lula respondeu que não estava fazendo acusações, mas “constatando um fato”.

“Não é um fato, porque o Moro não é amigo do Youssef e nunca foi”, rebateu a juíza.

Como a magistrada sabe que Moro não é amigo de Youssef?

“Mas manteve ele [Youssef] sob vigilância 8 anos”, prosseguiu Lula.

“Ele não ficou sob vigilância 8 anos, e é melhor o senhor parar com isso”, afirmou Hardt, encerrando a discussão.

A força-tarefa do MPF na Operação Lava Jato acusa Lula de ter cometido os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo os procuradores, o ex-presidente teria favorecido as construtoras Odebrecht e OAS em contratos dentro do esquema de corrupção na Petrobras.

O MPF também afirma que Lula recebeu cerca de R$ 1 milhão em propina da Odebrecht, da OAS e do pecuarista José Carlos Bumlai na forma de obras no sítio de Atibaia, e que a vantagem indevida seria oriunda do esquema de corrupção na Petrobras.

A defesa do ex-presidente nega todas as acusações e diz que ele é alvo de perseguição política. O ex-presidente foi o último dos 13 réus do processo a ser interrogado.

UOL